Festival Y#15
Celebramos em 2019 quinze edições do Festival Y. Comemoramos também a resistência da Quarta Parede para se reinventar. Celebramos com os públicos, com os criadores, com as diversas equipas técnicas e também com os novos apoios a nível local e nacional. Com um enorme e fraterno abraço aos que fizeram parte da organização de cada edição. Celebramos também a irreverência da criação contemporânea, em todas as suas disciplinas artísticas, das artes visuais, do vídeo, da música, da literatura, da dança e do teatro. Irreverência na sensibilidade, nos processos de criação, na provocação de universos infindáveis sobre a criação artística. Celebramos ainda a resiliência de querer estar no interior do país, do querer situar a região como um ponto importante de criação e programação, fora dos grandes centros. Não esquecemos as características do território e por isso o trabalho com as gerações que infelizmente não tiveram a oportunidade de ter a oferta de espetáculos, como hoje acontece, apesar das fragilidades que emergem a cada momento. Olhamos o futuro sempre fixados na ideia da transformação, e por isso não deixamos de mencionar a importância do trabalho com os mais jovens. Por todas as razões continua a valer a pena lutar para estar aqui, e contribuirmos para a construção da coesão do país, onde a cultura tenha um papel decisivo na formação de cada um de nós.
Rui Sena, diretor artístico
Programa
Bruno e André Santos
Concerto Mano a Mano
12.abr. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Bruno e André Santos têm vindo a tornar sério aquilo que começou em jeito de brincadeira lá por casa e que resulta agora no terceiro trabalho discográfico, para o qual os manos compuseram e fizeram arranjos, explorando as inúmeras possibilidades que um duo de guitarras pode, à partida, não parecer oferecer, acrescentando-lhe ainda dois instrumentos tradicionais da sua Ilha da Madeira, Braguinha e Rajão. Ao vivo, para além de uma cumplicidade musical e pessoal muito bonita, Bruno e André juntam elegância, virtuosismo e algum humor a uma viagem musical com um cenário que remete para a sala de estar onde tudo começou. Os manos recebem assim o público em sua ‘casa’ e conversam, contextualizando e explicando a origem e o porquê de cada uma das canções que tocam.
Guitarra, Braguinha e Rajão André Santos | Guitarra e Rajão Bruno Santos
70 min. M/3 . jazz
Dinis Machado
Paradigma
18.abr. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Em Paradigma, criamos um folclore DIY para corpos com identidades esbatidas, através de artefactos, narrativas, danças, rituais e músicas. Paradigma é uma dança de um exotismo de lado nenhum. Um reclamar ritualista de diferença e cidadania. Uma paisagem criada de um “cadavre esquis” de referências paradoxais vindas dos lugares onde nascemos, dos lugares onde vivemos, de lugares onde nunca estivemos e sobretudo de lugares ficcionais. Tudo isto aglomerado com uma prática contínua.
Um espetáculo de Dinis Machado (SE/PT) | Música original Hanna Kangassalo (SE/FI), Robert Tenevall (SE) e Erik Sjölin (SE) | Vozes adicionais Lillemor Tenevall, Kai Kangassalo, Gonçalo Ferreira, Britta Amft e Dinis Machado e Pós-produção de Henrik Wiklund (SE) | Assistência dramatúrgica Pedro Machado (BR/UK), Gonçalo Ferreira (PT), Jorge Gonçalves (DE/PT) Produção Corp. (PT) e Ballet Contemporâneo do Norte (PT), com a produtora associada para Inglaterra Clair Hicks (UK) e administração na Suécia por Interim Kultur (SE) | Coprodução Weld (Stockholm/SE), Teatro Municipal do Porto (Porto/PT), Dance4 (Nottingham / UK) e Gothenburg Dans & Teater Festival (Gothenburg/SE) Dinis Machado é um artista associado de Ballet Contemporâneo do Norte (PT) e Weld (SE)
60 min. M/6 . dança
Fernando Mota
MAPA estórias de mundos distantes
27.abr. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Na sua génese está a pesquisa de histórias de resistência e evasão em países e territórios em guerra, de povos ocupados ou exilados, com especial enfoque no universo feminino. MAPA é um espetáculo multidisciplinar. Cruza várias linguagens e expressões como a música, a poesia, o teatro, as artes plásticas e o vídeo para criar um objeto performativo poético e imersivo que conta estórias e fragmentos de estórias de várias geografias. Musicalmente são utilizadas músicas e instrumentos da Nigéria, do povo Berber (na língua Amazigh), uma canção de embalar Palestina (em árabe), uma melodia encontrada numa placa de barro de 1400 AC na região de Ugarit, no Norte da Síria (possivelmente a composição musical mais antiga da qual temos registo), bem como uma série de peças originais e construções sonoras inspiradas em culturas musicais de África e do Médio Oriente.
Criação e interpretação Fernando Mota | Dramaturgia e traduções Francisco Luís Parreira | Textos adicionais Poesia Popular Afegã e Eduardo Galeano | Direção cénica Caroline Bergeron | Música Fernando Mota | Música adicional Braima Galissa, George Gurdjieff e Woody Guthrie | Cenografia Fernando Ribeiro | Desenho de luz José Álvaro Correia | Vídeos Miguel Quental | Operação técnica Catarina Côdea | Produção executiva Violeta Mandillo | Atrizes nos vídeos Ana Sofia Paiva, Cláudia Andrade e Lucília Raimundo | Vozes gravadas Ana Sofia Paiva, Cláudia Andrade, Gaspar Vasques, Lucília Raimundo, Serena Sabat e Tiago Mota | Coprodução Cine-Teatro Louletano, Teatro Aveirense e São Luiz Teatro Municipal | Projeto apoiado pela República Portuguesa - Cultura Direção-Geral das Artes
60 min. M/16 . cruzamentos
Fernando Mota
MAPA contos e cantos
29.abr. 11h e 14h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Criado a partir de textos originais, poesia oral de mulheres afegãs, um poema de Eduardo Galeano, músicas e sonoridades de várias culturas de África e do Médio Oriente, desenhos de crianças de Darfur e outros materiais plásticos, procura fazer uma reflexão sobre os conceitos de território e fronteira, de pertença e de liberdade, com especial enfoque no universo infantil. Para este projeto foram criados vários instrumentos musicais a partir de objetos e materiais simbólicos como a Harpa Farpada (uma janela-harpa feita com arame farpado), o Remo (cordofone criado a partir do objeto que lhe dá o nome), um jogo de piões que nos transporta para um campo de batalha e caldeiros de metal suspensos de onde surge uma tempestade marítima.
Criação e Interpretação Fernando Mota | Dramaturgia e traduções Francisco Luís Parreira | Textos adicionais Poesia Popular Afegã e Eduardo Galeano | Direção cénica Caroline Bergeron | Música Fernando Mota | Música adicional Braima Galissa, George Gurdjieff e Woody Guthrie | Cenografia Fernando Ribeiro | Desenho de luz José Álvaro Correia | Vídeos Miguel Quental | Operação técnica Catarina Côdea | Produção executiva Violeta Mandillo | Atrizes nos vídeos Ana Sofia Paiva, Cláudia Andrade e Lucília Raimundo | Vozes gravadas Ana Sofia Paiva, Cláudia Andrade, Gaspar Vasques, Lucília Raimundo, Serena Sabat e Tiago Mota | Coprodução Cine-Teatro Louletano, Teatro Aveirense e São Luiz Teatro Municipal | Projeto apoiado pela República Portuguesa - Cultura Direção-Geral das Artes
45 min. M/6 . cruzamentos
Companhia Caótica
5 fábulas para não adormecer
14.mai. 11h e 14h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Um espetáculo sem palavras inspirado em cinco dos sete pecados mortais que, com humor, por um lado critica a obsessão pelo poder, pelo dinheiro e pela competição, e por outro transforma em virtudes os pecados da gula e da preguiça. Cinco histórias acessíveis a todas as idades, para gozarmos com quem somos e sairmos da sala abraçados uns aos outros.
Conceção e encenação Caroline Bergeron | Interpretação Catarina Mota e Manuel Henriques | Construção de cenário, marionetas e adereços Catarina Mota e Manuel Henriques | Desenho de luz Nuno Figueira | Curadoria e transformação de imagens Caroline Bergeron | Trilha sonora António-Pedro a partir de Maurice Ravel, de Johann Sebastian Bach e de Edvard Grieg | Produção Companhia Caótica | Coprodução LU.CA - Teatro Luís de Camões; Teatro Municipal do Porto e Teatro Virgínia - Torres Novas | Apoio Direção-Geral das Artes
35 min. M/3 . teatro de marionetas
Erva Daninha
E-nxada
8.jun. 17h30 . Largo Infantaria 21/Jardim Público . Covilhã
Espetáculo de circo contemporâneo que remete para a ruralidade, a sua desconstrução e imaginário sob um ponto de vista urbano e contemporâneo. Investigação artística através da relação do corpo e do objeto em cruzamento com a instalação plástica, composição sonora e iluminação. Partindo da ideia do trabalho original e primário e do seu lugar no espaço urbano atual, escolhemos um objeto que cava os tempos até hoje - a enxada. Símbolo de trabalho, de ligação entre o passado e o presente, de repetição e equilíbrio comuns ao circo contemporâneo.
Direção artística e conceção plástica Vasco Gomes e Julieta Guimarães | Interpretação Jorge Lix, Rodrigo Matos e Vasco Gomes | Iluminação Romeu Guimarães | Composição sonora Luís Costa | Cocriação Erva Daninha e Binaural/Nodar | Coprodução Teatro Nacional São João | Apoio Teatro Municipal do Porto e Instituto Politécnico do Porto
35 min. M/3 . circo contemporâneo
Graeme Pulleyn e Fernando Giestas
E tu Camões, não dizes nada
14 e 15.out. manhã e tarde. Escolas . Covilhã
Ler Lusíadas sem preocupação de saber que estamos a ler um poema épico que tem 10 cantos com estrofes de oito versos, com dez sílabas cada verso, blábláblá blábláblá; que tem proposição, invocação, dedicatória e blábláblá blábláblá, ah e a famosa narração in medias res, blábláblá blábláblá. Já sabemos isso tudo. Aprendemos na escola. Está aprendido. Agora falta ler Os Lusíadas como se lê um livro. Ler em voz alta. Abrindo, lendo e ouvindo. Pelo prazer de escutar os sons, os ritmos, as emoções, pelo prazer de sentir as palavras na boca, de as saborear, mastigar, cuspir, blábláblá blábláblá. Ou, citando António José Saraiva, [Os Lusíadas] “é um livro para ser entoado por recitadores, e não analisado por gramáticos. Por vezes interessa pouco o que ele diz, e vale só a língua sonora que percorre os vários graus da escala, uma palavra que esplende, um som rouco de queixa ou um gesto teatral que se entrevê.”* Blábláblá blábláblá.
*em Estudos sobre a arte d’Os Lusíadas
Com Graeme Pulleyn e Fernando Giestas (artistas associados do Teatro Viriato) | Produção Teatro Viriato
90 min. M/14 . teatro
Cláudia Dias
Quarta-feira: o tempo das cerejas
25.out. 21h30 . Cine-Teatro Avenida . Castelo Branco
Quarta-Feira: O tempo das cerejas estreou em Junho, no Festival Alkantara 2018. O cenário é um enorme buraco no meio de uma data de placas de gesso laminado, como se uma bola de ferro gigante tivesse caído num chão de pladur. Ao construir o espaço cénico com o mesmo material de construção usado em milhares de casas portuguesas, para logo de seguida começar a desconstruir, Cláudia Dias e Igor Gandra fazem alusão direta a tudo o que é varrido para baixo do tapete ocidental. Apesar de os bombardeamentos aéreos por parte de forças militares europeias serem hoje em dia facilmente visionáveis na internet ou na TV, a ligação entre os nossos lares e as crateras abertas por mísseis noutro lado qualquer não é tão visível assim. Este buraco negro no meio do Teatro Maria Matos alude a essa ligação causal. Não se trata apenas de mostrar a responsabilidade das sociais-democracias europeias nos massacres que estão a ocorrer agora no resto do mundo. O olho negro no meio do chão é uma imagem de sinal negativo que nos revela o que está por fazer. Jorge Louraço Figueira
Direção artística Cláudia Dias Artista | convidado Igor Gandra | Intérpretes Cláudia Dias e Igor Gandra | Assistente técnico e artístico Karas Cenário e marionetas Igor Gandra e Cláudia Dias | Realização plástica Eduardo Mendes | Oficina de construção Igor Gandra, Cláudia Dias, Karas, Eduardo Mendes, Daniela Gomes e Nádia Soares | Desenho de luz e direção técnica Nuno Borda de Água | Acompanhamento crítico Jorge Louraço Figueira | Residências artísticas TMP/Teatro Campo Alegre, Teatro de Ferro, Companhia de Dança de Almada e Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira | Coprodução Maria Matos TM, Teatro Municipal do Porto e Centro Cultural de Vila Flor | Produção Alkantara
60 min. M/12 . dança
Paula Diogo / Má Criação
L-O-V-E
30.out. 21h30 . Cine-Teatro Avenida . Castelo Branco
Em Fragmentos de um Discurso Amoroso, Roland Barthes isola oitenta figuras. Oitenta estruturas de linguagem que integram o discurso amoroso. Não se trata de palavras isoladas, mas rajadas abruptas de linguagem que assaltam o apaixonado. É o discurso amoroso em ação ou, nas palavras de Barthes, “é o apaixonado pelo trabalho". L-O-V-E parte deste mapa-labirinto para arriscar uma configuração do discurso amoroso. Ou várias possíveis configurações que sucessivamente se destroem umas às outras. Tentativas e erros até à eventual destruição do discurso ou à latência no corpo. Ou ao silêncio. L-O-V-E tenta. Como Barthes, tenta fixar o esforçar do apaixonado na tentativa - inglória? - de fazer sentido. Ginástica discursiva.
Projeto Paula Diogo | Cocriação Alfredo Martins | Interpretação Paula Diogo | Espaço cénico Fernando Ribeiro | Desenho de luz Daniel Worm | Música Gui Garrido | Apoio à dramaturgia Linda Dalisi | Produção Má-Criação | Apoio financeiro Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do programa Gulbenkian de Língua e Culturas Portuguesas - Concurso de apoio à criação Parceiros ZDB / NEGÓCIO, O Espaço do Tempo e Alkantara
50 min. M/12 . teatro
Quarta Parede
Cartografias II - o primeiro amor / Criação Artística Comunitária
16.nov. 17h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Cartografias II é um espetáculo de criação artística comunitária que tem como cocriadores e intérpretes os participantes no Laboratório de Artes Performativas Sénior, uma atividade do Y PÚBLICOS 2018 e 2019. Neste laboratório, propomos realizar uma pesquisa sobre identidade(s) ligada(s) ao concelho da Covilhã e à sua região, guiada pelas linguagens do teatro, da narração de histórias , das artes visuais e pelas memórias e vivências dos participantes. Este espetáculo surge como um manifesto pelo resgate de narrativas de vida que se perderam no tempo e que – com uma inquietação para a qual ainda procuramos respostas – desejamos confrontar com os dias, os espaços e a sociedade de hoje.
Interpretação e cocriação Ana da Conceição Ribeiro, Amália Silva, António Marchão, Conceição Cipriano, Arminda Ramos, Dina Correia, Fernanda Lourenço, Fernando Paiva, Hemitério Guerreiro, Ilda Ribeiro, José Carvalho, Leontina Guerreiro, Maria Augusta Mineiro, Maria do Céu Marchão, Maria do Céu Moita, Maria do Céu Tavares e Maria Otília Silva | Direção artística Sílvia Pinto Ferreira | Texto original Fernando Paiva | Espaço cénico, adereços e imagem Joana Martinho Marques | Paisagem sonora Defski (inclui excertos da versão Kontakt da "Samplephonics Deep Textures" | Desenho de Luz Carlos Arroja
60 min. M/6 . teatro
Lavoisier
12.dez. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Lavoisier é formado por Roberto Afonso e Patrícia Relvas. Nasce com a necessidade interior de criar um diálogo, onde a expressão musical é elevada ao seu expoente mais sensível. Depois de consolidar conceptualmente o projecto na antropofagia adoptada pelos Tropicalistas brasileiros, o primeiro passo para a sua aproximação à música tradicional portuguesa teve origem no trabalho de recolha musical, levado a cabo por Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça. Foi através desses registos que se apaixonaram pelo canto do povo português e conheceram as suas maiores fontes de inspiração.
Voz e percussões Patrícia Relvas | Voz e guitarra Roberto Afonso | Técnico de som João Moreira
60 min. M/6 . música
Augusto Brázio e Nelson D’Aires
Apresentação - Publicações “Viagens na Minha Terra”
14.dez. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Augusto Brázio e Nelson d’Aires lançam e apresentam os seus ensaios fotográficos em duas publicações individuais de autor desenvolvidas no concelho da Covilhã durante várias viagens ocorridas entre o fim 2018 e durante 2019 para o projeto Viagens na Minha Terra. Os autores colocaram-se à experiência de ver a paisagem e as pessoas, cruzando-as sobre as linhas imaginárias que traçam as fronteiras do ordenamento do território de Portugal. Com o projeto, “Viagens na Minha Terra”, os autores trabalham sobre três eixos: identidade, território e expetativa - Estes, que nos visitam, que imagem fazem a partir de nós?
Autores fotógrafos Augusto Brázio e Nelson D’Aires | Texto Fernando Paulouro Neves
60 min. M/12 . cruzamentos