Festival Y#12
Iniciamos a 12ª edição do Festival Y com um olhar sobre o impacto que o seu aparecimento teve sobre a região. O país mudou, as incertezas são muitas, mas continuamos firmes a acreditar que é o conhecimento, através das ferramentas que as várias culturas nos dão, que serão o leitmotiv para a transformação do país. A humanidade tem evoluído através dos conteúdos que milhares de criadores das mais diversas disciplinas artísticas têm disponibilizado e que hoje reconhecidamente são aplicadas a áreas diferenciadas. Por isso e apesar de todas as dificuldades que o tecido cultural sofre, acreditamos que o caminho percorrido através da transversalidade dos conteúdos que mapeamos ao longo dos anos, nas mais diversas disciplinas e cruzamentos, contribuíram para que a cidade e a região ficassem mais perto dos centros de criação do país e da Europa. Nessa perspetiva o programa traduz as nossas inquietações, resultantes das fragilidades dos tempos que percorremos. Mas é a urgência da vivência coletiva destes tempos que queremos partilhar com o público.
Rui Sena, diretor artístico
Programa
David Marques
KIN
12.nov. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Ao filmar o documentário L’Inde Fantôme (1968), Louis Malle constatou que, intrigada pela presença estrangeira da equipa de filmagem, a população indígena, que ele filmava, olhava diretamente para a câmara. Malle partia do desejo de decifrar as formas de parentesco primitivo (kinship), para descobrir a necessidade de refletir sobre o seu próprio cinema. Neste solo, a dança funcionará como mais do que uma ferramenta antropológica clássica para entender o “nativo”. Aqui é a linguagem do “estrangeiro” que o torna “nativo”. Kin investiga o ato de documentar o outro, e a dança dos estrangeiros e dos nativos que rodeiam a câmara. O solo será uma experiência mediada pelos desejos cruzados que um corpo, e não uma câmara, pode fazer aparecer como um só. Kin nega o objeto fechado em frente da câmara, e em vez disso dança o que insiste em ser reaberto.
Conceção e interpretação David Marques | Apoio à dramaturgia Ido Feder | Desenho de luz Rui Monteiro | Espaço cénico Tiago Pinhal Costa | Produção executiva Francisca Rodrigues | Residências artísticas O Espaço do Tempo, Alkantara, Teatro Virgínia | Apoio Eira Coprodução Centro Cultural de Belém, BoxNova 2014 e Artists Curate - (Maya Levy & Hannan Anando Mars 2014) | Projeto financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian
45 min. M/12 . teatro/dança
Teatro de Ferro
O Soldadinho
14.nov. 15h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
O espetáculo consiste na adaptação para Teatro de Marionetas, Objetos e Formas Animadas do conto de Hans Christian Andersen, transformando assim os soldadinhos de chumbo e outros brinquedos do passado nos atuais heróis do futuro. É uma tentativa de atualização da forma, sem danificar a essência do conto, do amor impossível entre o soldado e a bailarina, desta espécie de Romeu e Julieta em brinquedo. Os contos de fadas carregam consigo uma enorme diversidade de signos inconscientes; não esquecendo este importante aspeto, não será sob este prisma que abordaremos o conto, mas sob o ponto de vista da teatralidade das situações, das emoções, das personagens. Retomando a estrutura do conto de Hans Christian Andersen, O SOLDADINHO fala-nos de um amor a sério entre um soldado e uma bailarina de brincar. A manipulação de objetos, as pequenas máquinas de cena e outras engenhocas articulam-se no dispositivo cénico - pequena máquina de contar histórias - em que os atores são simultaneamente maquinistas e passageiros.
Baseado num conto de Hans Christian Andersen | Texto e encenação Igor Gandra | Interpretação Carla Veloso e Igor Gandra | Operação de som e luz Hernâni Miranda | Fotografia de cena Susana Neves | Produção Teatro de Ferro
45 min. M/4 . teatro de marionetas, objetos e formas animadas
Hot Jazz
Django Tributo Sexteto
14.nov. 22h00 . Café-teatro Teatro das Beiras . Covilhã
Criado na Associação Cultural do Imaginário para celebrar o centenário do nascimento de Django Reinhardt no Festival Jazz na Cidade, em Évora, 2010, o Django Tributo – Sexteto de Hot Jazz pratica de forma arrojada, aberta e imaginativa um repertório do que hoje se chama jazz manouche ou gypsy jazz, com recurso à improvisação e virtuosismo instrumental característico desta expressão musical. Uma voz feminina, à semelhança das que o próprio Django Reinhardt tantas vezes acompanhou, interpreta grande parte do repertório, em particular, versões no original em francês de canções compostas sobre algumas das suas mais célebres composições, como Nuages e Douce Ambiance.
Como acontecia nas diferentes formações do Quintette du Hot Club de France, este repertório inclui temas oriundos do jazz que na época se tocava nos Estados Unidos, originais de Django Reinhardt e muitas chansonettes que nos anos pré e pós II Guerra Mundial saltaram dos cabarets da noite parisiense para as ondas hertzianas da rádio e para as 78 rotações do vynil. Hoje alargado a temas tradicionais do leste europeu e Balcãs, este repertório é pretexto para a expressividade típica de um jazz acústico muito centrado nas cordas, um jazz sans tambours ni trompete, como Stéphane Grapelli gostava de lhe chamar.
Voz Susana Bilou | Viola de arco: André Penas | Guitarra acústica Domingos Galésio | Guitarra acústica António Pinto Sousa | Sax soprano Gil Salgueiro Nave | Contrabaixo Joaquim Nave
90 min. M/6 . música/jazz
Teatro do Calafrio
Empresta-me o revólver até amanhã
17.nov. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Empresta-me um revólver até amanhã parte da uma leitura peculiar de duas pequenas peças de Anton Tchekhov: “O Canto” do Cisne e “Trágico à força”. Nesta revisitação, o ponto Nikita ocupa o centro da trama. Ele vive no teatro, vive do teatro. O teatro é ele. Conhece muitas peças de cor e é o guardião da memória do teatro. É no seu teatro, nos bastidores, que se encontra com o ator Vassili Vassilitch (que se deixou dormir após a actuação da noite) e se confronta com as recordações e angústias de um velho actor de passado glorioso. Na segunda parte, o veraneante Ivan Ivanovich, sobrecarregado de tarefas, procura um amigo para desabafar sobre sua deplorável condição de vítima. Ivanovitch é escravo de um trabalho extenuante porque todos lhe pedem que transporte os mais estranhos objetos. Ivan Ivanovitch fala da sua amarga condição. Nikita, o ponto, representa o papel de Muraskhin, num crescendo de tragédia. Talvez o ponto seja ainda mais trágico do que a personagem Ivanovitch. Talvez este seja uma personagem criada por Nikita, o ponto. Talvez o ponto seja um verdadeiro trágico. Talvez Nikita tenha sempre desejado ser um ator. Trágico.
Encenação Américo Rodrigues | Interpretação Valdemar Santos, Américo Rodrigues e José Neves | Música, cenografia e luz José Neves | Sonoplastia José Neves e Pedro Costa | Vídeo Jorge Vaz Gomes | Colaborações Adriana Queiroz (voz feminina em "Trágico à força"); Mirró Pereira (guarda roupa) e António Silva (adereço) | Operação de luz e som João Paulo Neves | Produção Calafrio-Associação Cultural
90 min. M/12 . teatro
Tania Arias
danza más cabra (The Horn of Plenty Dress Fall/Winter 2015)
19.nov. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
danza más cabra surge a partir de uns cornos e em estreita relação com o mundo da moda, especialmente com a figura de Alexander McQueen. O anti-discurso como motor para seguir em movimento. O acessório e o que é acessório tomam o protagonismo. As diferentes linguagens do movimento são tratadas como um acessório ou um complemento adicional. Em cada apresentação Tania Arias convida um colaborador próximo para que remate consigo este traje que é a obra.
No Citemor 2015, The Horn of Plenty Dress - Summer 2015 fez a primeira entrega de danza más cabra, com Sindo Puche. No Festival Y#12, na Covilhã, Mauricio González e Santiago Rapallo acompanham esta nova entrega, The Horn of Plenty Dress - Fall/Winter 2015.
Conceção Tania Arias Winogradow | Interpretação Tania Arias Winogradow, Mauricio González (alternando com Sindo Puche) | Música Santiago Rapallo | Desenho de luz Carlos Marquerie | Técnica de luz Cristina Libertad Bolivar | Fotografia MatsuEstudio & Susana Paiva | Cornos porhacheoporbe | Capa Mónica Cañete
45 min. M/12 . dança/performance
Casa da Esquina
O meu país é o que o mar não quer
24.nov. 15h00 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Este espetáculo de teatro documental nasceu da estadia de Ricardo Correia em Londres, em 2013, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e é construído a partir do seu relato pessoal incidindo nos testemunhos de emigrantes portugueses qualificados recolhidos através de entrevistas, cartas, fotos e e-mails. Estes testemunhos são de pessoas que conheceu em Londres e que tiveram de sair de Portugal devido às medidas de austeridade da TROIKA e do Governo Português, ou que deixaram o País por vontade própria mas que agora não conseguem regressar por falta de perspectivas de futuro no país de origem. É a sua estória, a história de uma geração dividida entre partir e ficar.
Criação e interpretação Ricardo Correia | Espaço cénico e desenho em tempo real Filipa Malva | Mistura de som João Gaspar e Ricardo Correia | Música La La La Ressonance | Direção técnica e desenho de luz Jonathan de Azevedo | Produção executiva Sara Seabra | Design Fábrica Mutante | Fotografia Filipa Alves | Produção Casa da Esquina inserida no apoio bianual da DGARTES/SEC 2013/2014
60 min. M/16 . teatro documental
TGB Trio com Sérgio Carolino, Mário Delgado e Alexandre Frazão
24.nov. 22h00 . Café-teatro Teatro das Beiras . Covilhã
Os TGB apresentam Evil Things, o segundo álbum editado pela Clean Feed. A troupe da tuba, guitarra e bateria confirma-se como uma proposta a ter seriamente em conta no espectro geral da música criativa, ao lado dos News For Lulu de John Zorn ou do Tiny Bell Trio. O formato instrumental é invulgar, mas ainda mais do que os elementos constituintes (Sérgio Carolino, Mário Delgado e Alexandre Frazão) dos TGB fazem com ele. A nível de abordagens e de escolha de repertório este projecto revela-se único: com composições dos próprios ou pedidas emprestadas ao “songbook” jazzístico, à música popular portuguesa e ao rock, erigiu uma música muito atual e multifacetada, com largo espaço para a improvisação e um notável equilíbrio entre os préstimos individuais e o chamado “efeito de grupo”.
Tuba Sérgio Carolino | Guitarra Mário Delgado | Bateria Alexandre Frazão
60 min. M/6 . música/jazz
Sofia Dinger
A Grande Ilusão
26.nov. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
(Uma atriz apropria-se das palavras de um realizador e propõe uma peça de teatro sobre a arte e a vida. Ensaia os seus oitenta anos.) “Ao escolher um Mestre, o melhor é escolher um que seja grande. Isto não quer dizer que estamos a comparar-nos. Significa, simplesmente, que estamos a tentar aprender alguma coisa com ele”, disse Jean Renoir. E eu segui o conselho, escolhendo-o como um dos meus Mestres. Encontro-me com ele na sua desconfiança no que toca a planos demasiado definidos, partilho a sua incapacidade de seguir uma linha. “Amo o meu caos”. Percebo “a personagem secreta, misteriosa, que age ao arrepio das nossas vontades”, que engole a partir de dentro e de que ele tanto fala. E procuro a exaltação do estado de vida, a volúpia, a violência de um corpo em desejo deitado nas margens pinceladas dum rio. Confio que “há um momento em que a criação nos escapa.” E que é nesse momento que estou. Entretanto, recorro ao Mon petit théâtre e construo na companhia do Mestre que escolhi, apropriando-me da sua receita de felicidade: “amar muito a realidade”. “Memórias inventadas são as que melhor vivem em nós” porque “tu és o outro e… nada mais.” E não tenho a certeza se o que acabei de escrever é mesmo verdade ou, talvez, uma “grande ilusão”.
Concepção e interpretação Sofia Dinger | Apoio dramatúrgico Rui Catalão | Apoio à criação Inês Vaz | Desenho de luz Daniel Worm d' Assumpção | Apoio técnico Eduardo Abdala | Legendas David Leitão | Tradução Joana Frazão | Residências artísticas Atelier Re.al, Espaço Alkantara, Eira, O Espaço do Tempo e São Luiz Teatro Municipal | Apoio Festival Temps d’Images, O Rumo do Fumo e Pro.Dança | Difusão [PI] Produções Independentes/Tânia M. Guerreiro | Produção Maria Matos Teatro Municipal
60 min. M/12 . teatro
Híbridos - reflexão e debate
Considerando o Festival Y como um acontecimento privilegiado de congregação de pessoas, ideias e diferentes olhares sobre o Mundo, Híbridos surge como um novo espaço de programação direcionado para a reflexão e debate sobre dimensões temáticas consideradas prioritárias a nível global a partir de diferentes áreas do conhecimento e das artes. No contexto da Década Internacional dos Afrodescendentes (2015-2024) proclamada pela ONU, esta primeira realização de Híbridos foca-se no universo da afrodescendência em Portugal e propõe um conjunto de atividades heterogéneo que pretende sensibilizar para as problemáticas sociopolíticas que este tema abrange, bem como propiciar uma partilha de ideias ampla e documentada, motivada por diferentes perspectivas cinematográficas, literárias e musicais.
Cinema
Li Ké Terra de Filipa Reis, João Miller Guerra e Nuno Baptista
2.dez. 21h30 . UBI Cinubiteca . Covilhã
Fato completo ou Á procura de Alberto de Inês de Medeiros
9.dez. 21h30 . UBI Cinubiteca . Covilhã
Leituras Nómadas - Literatura
21.nov. 21h00 . autores moçambicanos
19.dez. 21h00 . autores angolanos
16.jan. 21h00 . autores caboverdianos
23.jan. 21h00 . conversa/debate com convidados
Café-teatro Teatro das Beiras . Covilhã
Música
Encontros com Beatoven Paranoise
15.jan. Escolas Secundárias . Covilhã