Festival Y#11

Festival Y#11

A 11ª edição do Festival Y ocorre no ano em que se comemora o 40º aniversário do 25 de abril. A revolução de abril permitiu-nos a diversidade de opiniões, o acesso à arte de um modo plural e, essencialmente, permitiu-nos confrontar ideias. Não foi fácil este caminho, por um lado já longo e por outro tão breve. Tanto foi o que se fez e tanto o que ainda teremos de realizar. Porque para nós é importante assinalar esta data, a programação do Festival Y dedica dois espetáculos ao 25 de abril, trazidos pelas estruturas Teatro do Vestido e Mundo Perfeito/Tiago Rodrigues. Mas é todo o ecletismo e diversidade que procuramos através da música, da dança, do teatro e da residência artística, bem como das temáticas, e que nos traz uma vez mais a diferenciação e a complementaridade, marcas do Festival Y, nas quais sempre quis ser referencial. É esta pluralidade de ideias, de estéticas, de criadores que nos agrada e por isso a temos como matriz fundamental na Quarta Parede.

Rui Sena, diretor artístico

Programa

Mário Franco Trio accordion-plus accordion-minus

10.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

Mário Franco, Sérgio Pelágio e André Sousa Machado conheceram-se enquanto alunos da Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal no início dos anos 80. Desde logo, mostraram uma enorme empatia musical que os levou a criar o Art Jazz Trio, grupo marcante e influente na história do Jazz feito em Portugal. Continuaram a encontrar-se regularmente em diferentes formações lideradas por outros músicos tais como Mário Laginha, Bernardo Sasseti, Carlos Martins ou Andy Sheppard e nunca perderam contacto artístico. Em 2009, voltaram a reunir-se como Trio para uma atuação no Hot Clube de Portugal e não mais voltaram a separar-se. Desenvolvem desde então um repertório muito particular e extenso que inclui arranjos de standards e composições originais para construir um som de grupo e uma capacidade de interplay que os distingue no atual panorama do Jazz nacional e internacional. As influências do grupo são muito diversas e abrangentes e espelham as carreiras individuais dos três músicos: Mário Franco, contrabaixista mas igualmente bailarino e compositor regular para peças de dança e cinema, André Sousa Machado, baterista mas colaborador regular com músicos de outras áreas tais como Fausto ou Rão Kyao, Sérgio Pelágio guitarrista e fundador da companhia de teatro/dança Real Pelágio compondo frequentemente para dança.

 

Contrabaixo Mário Franco | Guitarra Sérgio Pelágio | Bateria André Sousa Machado

 

90 min . M/6 . música/jazz

Xaral’s Dixie accordion-plus accordion-minus

11.out. 16h00 . Pelourinho - percurso Pelourinho-Jardim . Covilhã

 

Este projeto nasceu no final de 2008, baseado num grupo de amigos, que já tocavam juntos noutros projetos musicais e que a determinada altura, influenciados pelo gosto do estilo Dixie, se decidiram a experimentar tocar uns temas Dixie. A sensação foi tão boa que ainda hoje quando tocamos esses temas, sentimos a mesma emoção das primeiras vezes.

Somos oito elementos e o nosso objetivo é simples, divertirmo-nos e divertir as pessoas com este estilo tão alegre e desconcertante, sustentado num fraseado melódico, quase sempre alegre, definitivamente bem disposto e sempre com a liberdade que está na base do estilo Dixie.

Eufónio António Crachat | Washboard e bateria Duarte Fonseca | Banjo Filipe Feixeira | Sousafone e tuba Gilberto Rosa | Saxofone Tenor Gonçalo Frade | Bombo e trompete João Faria | Saxofone soprano Nuno Simões | Trompete Pedro Félix

 

60 min . M/6 . música/jazz

Rafael Alvarez accordion-plus accordion-minus

sweetSKIN

14.out.  21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

sweetSKIN é um solo criado e interpretado pelo coreógrafo Rafael Alvarez, cuja matéria incide num encontro improvável entre a personagem de um skinhead com as Suites para Violoncelo Solo de Bach, procurando refletir sobre os nossos ‘modos de ver’ e perspetivar a realidade. De que forma equívocos e preconceitos se corporalizam nas coisas que julgamos conhecer, tomando o todo pela parte? Como se constroem novas narrativas para um corpo, um lugar ou uma imagem que já ‘re-conhecemos’, subvertendo e desconstruindo estereótipos? “Nem sempre aquilo que parece é” ou “não julgues um livro pela sua capa” são algumas das ideias chave que o coreógrafo desenvolve nesta criação, cuja estreia teve lugar em 2010 no Centro Cultural de Belém (coprodução Centro Cultural de Belém) acompanhado ao vivo na sua versão original pelo violoncelista Nuno Abreu.

sweetSKIN foi apresentado em Lisboa (Centro Cultural de Belém), em Coimbra no Festival Citemor (Teatro da Cerca de São Bernardo), em Madrid (Teatro Pradillo), em Natal (Encontro Internacional de Dança Contemporânea), em São Paulo (Fórum Internacional de Dança do Estado de São Paulo) e em Buenos Aires.

 

Direção artística, coreografia e interpretação Rafael Alvarez | Violoncelista Nuno Abreu | Desenho de luz Tiago Cadete | Direção técnica Pedro Machado | Música Suites para Violoncelo Solo de Johann Sebastian Bach (Suite Nº 5 em Dó Menor BWV 1011, Prelúdio, Allemande e Sarabande / Suite Nº 4 em Mi bemol Maior BWV 1010, Sarabande / Suite Nº 2 em Ré Menor BWV 1008, Sarabande) | Produção EIRA | Coprodução Centro Cultural de Belém

 

50 min . M/12 . dança

Tiago Rodrigues/Mundo Perfeito accordion-plus accordion-minus

Três dedos abaixo do joelho

16.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

No arquivo da Torre do Tombo, Tiago Rodrigues encontrou um arquivo enorme da censura exercida sobre o teatro durante o regime fascista. Entre milhares de textos de teatro submetidos ao exame dos censores do Secretariado Nacional de Informação, Tiago Rodrigues ficou particularmente interessado nos relatórios escritos pelos próprios censores onde explicam os cortes ou proibições de textos e encenações. A ironia por trás de Três dedos abaixo do joelho é que transforma os censores em dramaturgos, usando os seus relatórios como o texto de um espetáculo que é uma máquina de censurar poética e absurda. De alguma forma, aqueles que oprimiram a liberdade artística e política do teatro deixaram-nos uma herança que nos pode ajudar a redescobrir o perigo e a importância do teatro na sociedade. Este espetáculo foi escolhido pelo jornal Público como um dos 10 melhores apresentados em Portugal em 2012 e foi nomeado para os prémios SPA na categoria de Melhor Texto Português Representado e Melhor Espetáculo de Teatro, tendo sido premiado pela última nomeação. Foi galardoado na categoria Melhor Espetáculo de Teatro de 2012 pelos Globos de Ouro.

 

Encenação Tiago Rodrigues | Texto Colagem de Tiago Rodrigues, a partir de relatórios de diversos censores do SNI, redigidos entre 1933 e 1974, incluindo breves fragmentos de textos dramáticos censurados de vários autores | Interpretação Isabel Abreu e Gonçalo Waddington | Pesquisa e apoio dramatúrgico Joana Frazão | Vídeo edição de Tiago Guedes e Rita Barbosa (Take it easy) sobre diversas peças de teatro adaptadas à televisão gentilmente cedidas pelo Arquivo da RTP | Conceito de figurinos Magda Bizarro e Tiago Rodrigues, a partir do espólio do TNDMII | Cenário Magda Bizarro e Tiago Rodrigues | Desenho de luz e direção técnica André Calado | Painel cenográfico e imagem do cartaz Rita Barbosa | Canção original “O gosto do poder” Márcia Santos | Drum’n’bass Alexandre Talhinhas | Tradução para inglês Kevin Rose | Tradução para francês Didier Sarnago | Direção de produção e fotografia de cena Magda Bizarro | Legendagem Magda Bizarro e Rita Mendes | Produção Mundo Perfeito | Coprodução Alkantara Festival e Teatro Nacional D. Maria II, Kunstenfestivaldesarts (BE), De Internationale Keuze van de Rotterdamse Schouwburg (NL) e Stage Helsinki Theatre Festival (FI). Projeto coproduzido pelo NXSTP, com o apoio do Programa Cultura da União Europeia | Apoios RTP, Take it easy e Arquivo Nacional da Torre do Tombo/DGARQ

 

75 min . M/12 . teatro

Rui Catalão accordion-plus accordion-minus

A exaustão da confiança

21.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

A partir de textos de Richard Dawkins e de Samuel Johnson, uma reflexão sobre a desagregação da solidariedade social, e da própria vida em comum, a partir do momento em que deixamos de estar em contacto com os corpos anónimos com quem nos relacionamos através da net.

 

Criação e interpretação Rui Catalão | Assistência técnica (imagem) Urândia Aragão | Produção Produções Independentes/Tânia M. Guerreiro | Apoio Fundação Calouste Gulbenkian

 

60 min . M/12 . peça conferência

Mariana Tengner Barros accordion-plus accordion-minus

The Trap

23.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

The trap surge no sentido de continuar a trabalhar sobre a temática da identidade do corpo e o poder da sua representação na arte e nos media, explorando a sua relevância nos fenómenos sociais da “fama”, “aparência” e “simulacro”. The trap é uma armadilha, sobre a derradeira armadilha (a sociedade do espetáculo) e as aberrações que propõe, a felicidade que induz, o modo como as pessoas se representam e se mostram, as tensões entre “parecer” e “ser”, o glamour e a sua destruição, o ridículo que emerge nos processos de construção e desconstrução da nossa própria imagem e identidade. Um dos pontos paradigmáticos dessa construção de identidade, passando pelo crivo do “vencer” e “conseguir”, prende-se de fato com o fenómeno sócio-televisivo atualmente hiper-acentuado da “ fama” e do “ ícone”. Interessa-me escavar essas maneiras de apresentar e “enfeitar” o corpo, de o promover com o fim de “ser-sucesso” (seja o que representar para o indivíduo). Este “ser-sucesso” demonstra ser a manifestação quase patológica da ideologia do progresso/capitalismo. Em derradeira análise, e em tom jocoso, estaremos perante essa longínqua ressaca iluminista, se “ser-sucesso” for o último patamar do progresso.

 

Direção, conceção e interpretação Mariana Tengner Barros | Consultoria artística Mark Tompkins | Assistência à criação António MV e Nuno Miguel | Vídeo António MV e Mariana Tengner Barros | Textos Mariana Tengner Barros e Nuno Miguel | Figurinos António MV | Cenografia Nuno Miguel, António MV e Mariana Tengner Barros | Música original Filipe Lopes | Apoio dramatúrgico João Manuel de Oliveira | Produção EIRA | Direção de Produção e Difusão Rui Silveira | Produção Executiva Sara Machado | Assessoria administrativa e secretariado Vânia Faria | Coprodução Circular - Festival de Artes Performativas (Vila do Conde, PT) | Projeto financiado por Fundação Calouste Gulbenkian - Apoio à Dança

 

45 min. M/16 . performance

Pé de Pano/Peter Michael Dietz accordion-plus accordion-minus

Medo de ser matéria

25.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

Este solo tem por base ideias muito simples.

Hoje, o que somos nós neste mundo? O que nos move e o que nos prende? O que nos estimula e o que nos restringe?

O Ser e o Corpo são a Matéria deste espetáculo.

Aqui voltamos ao Corpo.

Ao corpo real e virtual, quotidiano e performativo. Ao Corpo em Metamorfose. Ao Corpo Sangue. Ao Corpo Pensamento. Ao Corpo Olho. Ao Corpo Desejo. Ao Corpo em queda.

Pergunto e desafio-me: hoje, o que sou eu como performer, como criadora, nesta cidade, neste país, neste mundo?

No sentido de mantermos uma reflexão aberta e universal a Pé de Pano – Associação convidou o criador Peter Michael Dietz para dirigir o processo de pesquisa e de criação.

 

Criação Peter Michael Dietz | Cocriação e interpretação Maria Belo Costa | Desenho de luz Peter Michael Dietz | Sonoplastia Defski | Vídeo Helder Milhano e Jorge Infante | Coordenação técnica pedro fonseca/colectivo, a.c. | Operação de vídeo Raquel Fradique | Design gráfico e fotografia Helder Milhano | Figurinos Joana Carvalho | Produção Pé de Pano - Associação | Coprodução Câmara Municipal de Castelo Branco - Cultura Vibra 

 

45 min. M/12 . teatro/dança

Residência artística “O mundo visto da lua” accordion-plus accordion-minus

Direção de José Manuel Castanheira

27, 28, 29, 30.nov. Covilhã

 

A residência artística “O mundo visto da lua” pretende juntar cenógrafos, profissionais do espetáculo e estudantes das várias áreas artísticas, incluindo as ciências da cultura e a arquitetura para, em conjunto, discutirem e elaborarem, em ambiente de oficina, questões à volta da criação de um projeto transdisciplinar. Durante 4 dias tentamos organizar e projetar linhas de ação, métodos e ferramentas para um futuro espetáculo inovador. Os trabalhos desenvolvem-se à volta de temáticas provenientes da literatura e deambulam por linguagens como a dramaturgia, cenografia, vídeo, cinema e a iluminação, com especial incidência no recurso às novas tecnologias digitais. 

Teatro do Vestido accordion-plus accordion-minus

Fragmentos de Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas

8.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

Este projeto performativo parte de uma pesquisa sobre algumas das memórias da história recente de Portugal, numa perspetiva histórica, política e afetiva, e com base em testemunhos de pessoas comuns - desafiando as grandes narrativas destes três períodos/acontecimentos, que se têm construído sobretudo sobre a ideia de protagonistas militares e políticos. Quisemos saber onde ficavam as pessoas no meio destas memórias, e destas narrativas, e como é que a transmissão deste período crucial da história de Portugal se opera nos dias de hoje. 

Que omissões, revisões, rasuras estão a acontecer e como e por quem? Que versões da história nos são ensinadas e que outras podemos aprender? Segundo Keith Jenkins, a história e o passado não são a mesma coisa. Segundo Elizabeth Jelin, a memória é uma luta. Segundo Hayden White, a história é uma narrativa. E, por fim, segundo Marianne Hirsch, a 2ª e 3ª gerações são aquilo a que ela chama ‘gerações da pós-memória’. A nossa memória é, portanto, pós e é nessa condição de um ‘outro olhar’ que temos vindo a construir as palestras performativas que fazem parte deste museu, como uma lição de história que não se aprende em nenhuma disciplina que conheçamos - e talvez por isso mesmo estejamos a construir este espetáculo: por nunca o termos podido aprender mesmo quando pedimos que nos ensinassem, que nos contassem como as coisas se tinham ‘realmente’ passado.

Apresentamos no Festival Y#11 fragmentos de um projeto mais amplo, que estreará no final do ano, e ao qual chamamos “Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas”. A presente seleção de materiais inclui as palestras performativas: “Arquivos Invisíveis da Ditadura Portuguesa”, “Sobre o Silêncio Persistente”, “Português Entrecortado” e “Quando é que a Revolução Acabou?”.

 

Investigação, texto, direção e interpretação Joana Craveiro | Assistência Tânia Guerreiro | Colaboração criativa Rosinda Costa | Desenho de luz João Cachulo | Produção e assistência Tânia Guerreiro e Rosário Faria

 

150 min . M/12 . teatro

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