Festival Y#9

Festival Y#9

“Cada nova geração, cada homem novo deve redescobrir laboriosamente a atividade de pensar”

In “La crise de la culture” de Hannah Arendt

Não são tempos fáceis para a arte, aqueles em que vivemos. É difícil para quem habita diariamente a sensibilidade, as emoções, a criatividade, o pensamento, fazer dos seus valores um meio de progresso, pese que a História veio demonstrar que é essa atividade laboriosa que faz o mundo renovar-se. Não é fácil, pois, os criadores fazerem vingar o seu pensamento, quando o mundo está nas mãos de tecnocratas insensíveis aos direitos mais elementares do ser humano. É neste contexto que em 2011 iremos realizar a nona edição do Festival Y, dando lugar à imaginação e ao sonho que os artistas são capazes de transmitir mesmo nas condições mais adversas, sem esquecer obviamente o provocar e o contestar, componentes inseparáveis da arte.

Rui Sena, diretor artístico

Programa

Workshop O Comboio de Raymand Carver accordion-plus accordion-minus

dirigido por José Manuel Castanheira

26 a 29.abr. Universidade da Beira Covilhã

 

Neste Workshop colocam-se em confronto o conto de Raymond Carver “O compartimento” (cuja história decorre numa carruagem de comboio) e a experiência da viagem do grupo de participantes no comboio inter-regional Lisboa-Covilhã.

Pretende-se que cada aluno, conhecedor antecipadamente da narrativa de R.Carver, viva e registe momentos da própria experiência da viagem, que considere significativos para uso posterior na oficina, numa tentativa de reconstrução ficcional de uma qualquer simbiose dos temas conto e viagem.

Norberto Lobo accordion-plus accordion-minus

Fala Mansa

27.mai. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã 

 

Músico nascido em Lisboa no ano de 1982, Norberto Lobo é já uma das figuras principais da música portuguesa deste arranque de século. Dono de um percurso aparte de qualquer meio de ensino académico especializado, Norberto edificou o seu trajeto através de uma aprendizagem riquíssima e independente, tanto individual quanto generosa e comunal, por uma panóplia vastíssima de música. Ao longo dos anos em Portugal tem colaborado com artistas como os München, Chullage ou Lula Pena, para além de ser co-fundador dos projetos Norman, Coletivo Páscoa e Tigrala. Já partilhou palcos ou digressões com variadíssimos músicos internacionais, como é o caso Lhasa de Sela, Devendra Banhart, Larkin Grimm, Naná Vasconcelos ou Rhys Chatham.

Deu já dezenas de concertos em vários países, com destaque para aparições ao vivo no celebrado Café Oto em Londres e na Fundação Calouste Gulbenkian da capital inglesa. A sua discografia a título individual é feita das edições de ‘Mudar de Bina’ (Bor Land, 2007) e ‘Pata Lenta’ (Mbari, 2009), discos aclamados de forma praticamente unânime pelo jornalismo nacional da área da música. No passado dia 11 de Maio, lançou o seu mais recente disco ‘Fala Mansa’ (Mbari, 2011) no Teatro da Trindade, que apresenta agora no Festival Y#09-festival de artes performativas.

 

60 min. M/6 . música

Aldara Bizarro accordion-plus accordion-minus

Personagens de Água

30 e 31.mai. Auditório Teatro das Beiras . Covilhã 

 

A água dissolve, a água transporta, a água limpa, a água gasta, a água é um espelho, a água renasce, a água é forte, a água entorna-se, a água engana. Este espetáculo, sobre as qualidades da água, propõe tarefas que serão executadas, levando as crianças a recriarem situações da vida real e a experimentar, de outra forma, as propriedades da água. Como se a água fosse uma metáfora da vida. 

 

Concepção, direção e coreografia Aldara Bizarro | Interpretação/cocriação Maria Radich e Tânia Matos | Concepção musical Anthony Wheeldon | Apoios Fábrica das Artes/Centro Cultural de Belém, Clube Português Artes e Ideias e Centro de Interpretação Ambiental da Ponta da Sal - Câmara Municipal de Cascais | Coprodução entre Comédias do Minho e Jangada de Pedra | Projeto financiado pelo Ministério da Cultura/ Direcção Geral das Artes

 

70 min. dos 6 aos 11 anos . dança

Quarta Parede accordion-plus accordion-minus

Gota a gota

7 e 8.jun. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã 

 

A Água em toda a dimensão, mesmo nos seus mais imperceptíveis movimentos - líquido, sólido, gasoso - é o grande leitmotiv de “Gota a gota”, espetáculo dirigido ao público em geral que usa a linguagem do teatro visual, do cinema de animação e da sonoplastia. O ciclo da água é íntimo da vida, estabelece uma harmonia entre a natureza e o ser humano, harmonia esta que foi deturpada pela sua progressiva mecanização.

“Gota a gota” parte da Água no seu sentido mais lato - somos água rodeada de água - pretendendo chegar ao que representa a Água atualmente - energia, exploração, escassez, secas, inundações, contaminação, desperdício. Gota a gota se vive, gota a gota se transforma, gota a gota se contamina.

 

Criação, direção e espaço cénico Rui Sena e Sílvia Ferreira | Interpretação Maria Belo Costa e Sílvia Ferreira | Espaço sonoro e operação de som Defski | Vídeo Rodolfo Pimenta e Joana Torgal | Adereços e cartaz Joana Marques e Octávio Mourão | Operação técnica de luz e vídeo Paulo Santos | Tradução de textos Cristina Ribeiro | Produção executiva Celina Gonçalves

 

40 min. M/6 . teatro visual/multimédia

Ana Deus e Alexandre Soares accordion-plus accordion-minus

Osso Vaidoso

9.jun. 22h00 . Teatro Municipal da Guarda

 

Cantigas feitas de duas mãos de guitarras e uma garganta de voz, em Alexandre Soares e Ana Deus. Osso vaidoso é um projeto musical composto por Ana Deus e Alexandre Soares, voz e guitarra, onde a estrutura da canção se revela na sua simplicidade. Trabalham principalmente sobre textos de Regina Guimarães, mas também de Alberto Pimenta e Valter Hugo Mãe.

 

Voz Ana Deus | Guitarra Alexandre Soares | Difusão Terra na Boca

 

90 min. M/12 . música

Rui Catalão accordion-plus accordion-minus

Dentro das palavras

11.jun. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã 

 

Quantos livros devem ser lidos para fazer um solo? E quantos papéis são precisos para criar uma personalidade? E a realidade, como se fabrica? Será possível, à semelhança dos dentes, extrair uma narrativa da vida? E domar a loucura com a poesia? No seu primeiro solo, Rui Catalão é um corpo dentro das palavras, à procura de si mesmo. A palavra inglesa character significa personalidade e personagem. Se imaginarmos um solo intitulado My character, estão criadas as condições para uma peça que pode consistir num retrato psicológico na primeira pessoa (quem sou), mas também denunciar o dispositivo fictício (o que represento). Na língua portuguesa, personalidade e personagem, tal como ser e representar, são termos antitéticos. O objectivo deste trabalho é apagar a linha que os separa. Dentro das palavras representa um balanço de dez anos a trabalhar na dança, a privar com bailarinos, e teve origem durante o período em que viveu na Roménia e trabalhou no CNDB (Centrul National al Dansului din Bucuresti). Reflete sobre o seu progressivo desligamento da linguagem falada como principal meio de expressão, mas também como a vida do corpo sofre essa mudança. As dicotomias isolamento-comunicação, ocultação-revelação, fazem parte da matriz deste projeto, que procura trazer à superfície um dos dilemas das artes e do pensamento contemporâneo que melhor sobreviveram ao fim do modernismo: a relação entre verdade e ficção, entre personalidade e personagem, entre privado e público. 

 

Autor e intérprete Rui Catalão | Luz Eduardo Pinto | Adaptação e operação de luz Carlos Ramos | Fotografia Patrícia Almeida | Gestão de Projeto Tânia Márcia Guerreiro | Produção PI - Produções Independentes | Coprodutores Centro Nacional de Dança de Bucareste (Roménia), Atelier Real, Galeria Zé dos Bois (ZDB) e PerFormas Projeto Financiado por MC (Ministério da Cultura), DGARTES (Direção Geral das Artes)

 

120 min. M/12 . teatro

Circolando accordion-plus accordion-minus

Charanga

18.jun. 21h30 . Largo da Devesa . Castelo Branco

 

Espetáculo poético e visual, Charanga parte de dois objetos simbólicos, a bicicleta e a fanfarra. Parte das entranhas da terra para desejar os elementos ali ausentes: luz, ar, viagem… . Procura a solidão, a nostalgia dos mineiros e inventa para eles um sonho de criança. Um sonho de fuga e evasão em círculos de um carrossel. Um sonho que se conta com música. A música de uma pequena filarmónica de sopros. Histórias de um antes de ali chegarem que o que abre o espetáculo transpõe para a tela. O espaço de sonho tem a forma de um círculo. Um círculo de terra com uma enigmática peça de ferro ao centro. Antes, houve uma vida dentro da terra fria e longas viagens por estradas sem fim.

 

Direção artística André Braga e Cláudia Figueiredo | Interpretação André Braga, Bruno Martelo, Hugo Almeida, João Vladimiro, Patrick Murys e Pedro Amaro | Direção André Braga | Dramaturgia Cláudia Figueiredo | Composição musical Alfredo Teixeira | Direção plástica João Calixto | Coordenação técnica Cristóvão Cunha | Direção de cena Ana Carvalhosa | Construção da cenografia e objetos de Circolando e Tudo Faço/Américo Castanheira | Cena concepção de sistema de iluminação Anatol Waschke | Manutenção Nuno Guedes e Hugo Almeida | Realização vídeo João Vladimiro com colaboração de Ana Carvalhosa | Montagem vídeo Ana Carvalhosa e João Vladimiro | Câmara João Vladimiro | Segunda Câmara Duarte Costa | Produção Ana Carvalhosa (direção) e Cláudia Santos | Design gráfico João Vladimiro | Fotografias Duarte Costa, Frederico Lobo e Márcia Lessa/A Oficina | Criação em residência de Teatro Viriato | Apoios IEFP/Cace Cultural do Porto, Universidade Católica Portuguesa e Light Box | Produção executiva Corropio 

 

40 min. todas as idades . teatro físico/músico

Tiago Rodrigues accordion-plus accordion-minus

Se uma janela se abrisse

21.jun. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

O que vemos, quando assistimos às notícias, às oito da noite, num canal de televisão? Uma proposta da realidade. Uma empresa de jornalismo diz-nos o que é importante no espaço/tempo de um dia. E diz-nos que aquela é a realidade de que fazemos parte. Uma realidade onde, regra geral, nenhum dos nossos pensamentos ou gestos diários estão registados.

Substituir o discurso público pelo íntimo é o ponto de partida de “Se uma janela se abrisse”, um espetáculo que descobre formas alternativas de falar dos factos que são “notícia”. A partir daí, nasce um outro “jornalismo”, à escala humana de um palco, onde um olhar entre dois atores pode ter a mesma importância que o fenómeno do aquecimento global.

O título do espetáculo nasce dos versos de Alberto Caeiro, ele próprio versão pública da intimidade de Pessoa: “Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora / E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse / Que nunca é o que se vê quando se abre a janela”.

 

Texto e encenação Tiago Rodrigues | Interpretação Paula Diogo, Cláudia Gaiolas, Tónan Quito, Tiago Rodrigues e DJ ALX | Vídeo Bruno Canas e Tiago Rodrigues | Sonoplastia e banda sonora DJ ALX | Cenário, figurinos e luzes Magda Bizarro e Tiago Rodrigues | Produção executiva e fotografia Magda Bizarro | Assistência de produção Mariana Sampaio | Apoio técnico Vítor Pinto | Apoio Ana Sousa Ateliê | Produção Mundo Perfeito | Coprodução Alkantara Festival e Teatro Nacional D. Maria II | Colaboração especial de João Adelino Faria com o apoio da Direção de Informação da RTP

 

75 min. M/12 . teatro

Macarena Recuerda Shepherd accordion-plus accordion-minus

That’s the story of my life

23.jun. 21h30 . Cine Teatro Avenida . Castelo Branco

25.jun. 21h30 . Teatro Virgínia . Torres Novas

 

O meu objetivo é criar um álbum de família sem família. Encontrar os diferentes suportes visuais de uma narração diferente. Valer-me de imagens ou de imagens-texto para desenhar uma tipologia autobiográfica. Uma autobiografia visual, que vai mais além do auto-retrato e que estabelece uma ligação entre o autor, a vida e a descrição desta.

 

Uma performance de Macarena Recuerda Shepherd dedicada a Mr Polissó | Com a colaboração do artista Manu Morales | Vídeo e edição Gorka Bilbao Zootropo Alberto Pastore | Com a participação de Lorea Uresberueta e Mónica del Castillo | Agradecimentos Gerard Casas, Mari Luz Vidal, Amanda Díaz-Ubierna, Cesc Casanovas, Kun, Natalia e Angel | Produção  MiCartera Patrocina | Colaboração Bilbao Escena, Bilbao Arte, L’Antic Teatre e Teatre Lliure

 

50 min. M/12 . teatro de objetos/multimédia

Patricia Caballero accordion-plus accordion-minus

Chronoscopio

24.jun. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã

 

Concebido como próximo de um objeto dançante ou coreográfico, Chronoscopio entra em limiares insólitos da percepção, apoiando-se em fenómenos físicos e deixando que os objetos marquem alegremente a sua omnipotência. Este trabalho explora o olhar que nasce detrás dos olhos, o olhar que surge quando olhamos para o fogo.

 

Criação Patricia Caballero | Acompanhamento João Fiadeiro e David-Alexander Guéniot | Luzes Ana Rovira | Acompanhamento técnico Israel Quintero e Conrado Parodi | Apoio La Porta - Espacios Cómodos’09 [Barcelona], Atelier Re.Al [Lisboa], La Caldera - Artista residente 2010 [Barcelona] e Devir/Capa [Faro]

 

30 min. todas as idades . performance

Aldara Bizarro accordion-plus accordion-minus

A Casa

3.jul. 21h30 . Jardim das Rosas . Torres Novas

 

A Casa é um espetáculo de dança que gira em torno da casa ideal de cada um. Alicerçada num conjunto de entrevistas recolhidas e filmadas em vídeo entre 2009 e 2010, a Casa é construída a partir de um projeto elaborado com a arquitetura das vontades das muitas pessoas entrevistadas. A Casa convida-nos a entrar no espaço da memória, da construção e do desejo, transportando-nos para os lotes de terreno da utopia.

 

Concepção, direção e coreografia Aldara Bizarro | Intérpretes Alban Hall, Costanza Givone e Maria Radich | Vídeo João Pinto | Música Paulo Curado | Cenografia Patrícia Colunas | Desenho de luz Carlos Ramos | Apoio à criação vídeo Dina Mendonça | Apoio dramatúrgico Filipa Francisco | Colaboração Ulla Janatuinen | Fotografia de divulgação Rita Vieira | Ilustração Margarida Botelho | Coordenação e produção Andrea Sozzi e Rita Vieira | Produção Jangada de Pedra | Coprodução Teatro Maria Matos, Artemrede, A Oficina/Centro Cultural Vila Flor, Teatro Municipal de Faro e Centro Cultural de Ílhavo | Apoios Bazar do Vídeo, Câmara Municipal de Cascais, Carpintaria EngiFlanco, Clube Nacional de Ginástica, Liane Tecidos, Pollux, Sadorent e Tintas Hempel

 

50 min. M/12 . dança

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