Festival Y#17
É sempre uma enorme alegria apresentar uma nova programação do Festival Y, apesar de todos os constrangimentos, dificuldades e sobressaltos por que a cultura tem passado. Os cruzamentos inerentes à natureza do Y, surgem nesta edição particularmente reforçados por projetos artísticos para todos os públicos e de áreas tão diversas quanto as artes visuais, a dança, a música, os novos media, a performance e o teatro. E porque não podemos desligar estas interseções do território que habitamos, propomos uma residência artística e um projeto de cocriação que laboram com matérias ligadas ao local e às suas pessoas. Aqui, salientamos a produção do concerto das Adufeiras do Paul com o músico Defski, num cruzamento entre tradição e contemporaneidade com a cultura local a deixar uma marca importantíssima na programação do Festival Y#17.
Também no sentido do “fazer com”, desenvolvemos o Y PÚBLICOS com ações de mediação e formação artística dirigidas a diferentes segmentos de público e que acompanham todo o festival.
Esta 17ª edição é, pelo segundo ano consecutivo, um Festival com características atípicas devido aos necessários ajustamentos, o que sem dúvida, desvirtuou o programa inicial. Mas estamos aqui, com todos os artistas e parceiros que desde o início construíram connosco este festival, e já a olhar para 2022.
Programa
Natxo Montero
Barbecho
27.mai. 19h00 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Integrado no projeto Do outro lado/Al otro lado com La Fundición-Bilbao
Barbecho (em português pousio) é uma reflexão sobre o próprio processo de criação. Um percurso de movimentos e coreografias em que afloram diferentes questionamentos ao redor da peça e como se posicionam os criadores em relação a esta. O estado de pousio possibilita-nos deixar a pressa, as obrigações, oferecendo-nos o mero feito de estar e de esperar que se passe algo ou não. Barbecho é o repouso, a necessidade de mudança, arejar para sair renovado e enfrentar de novo o quotidiano. O lazer é jogo e jogar é o pousio da alma.
Direção artística Natxo Montero | Assistente de direção Pako Revueltas | Criação e interpretação Laia Cabrera e Natxo Montero | Desenho de luz e fotografia Gabo Punzo | Vestuário e cenografia Estiling | Vídeo Alaitz Arenzana | Música Fragmentos A.Vivaldi, J.S.Bach
65 min . M/6 . dança
Alex Cassal
Morrer no Teatro
09.jun. 20h30 . Cine-Teatro Avenida . Castelo Branco
Morrer no Teatro é um quase-monólogo sobre a morte e o teatro. Partindo de uma premissa comum ao imaginário do cinema-catástrofe – um grupo isolado de sobreviventes que devem construir um novo modelo de sociedade – um ator narra o futuro que nos espera se ficarmos presos aqui, nesta sala de espetáculos. Uma narrativa que costura descrições de velórios, receitas antropofágicas, orgasmos transcendentais e uma fina seleção de excertos da dramaturgia universal.
Texto e encenação Alex Cassal | Interpretação Marco Paiva (e um ator amador local) | Luzes Tomás Ribas | Cenário Alex Cassal e Aurora dos Campos | Coreografia Márcia Lança | Pesquisa dramatúrgica Joana Frazão | Produção executiva Carlos Alves e Daniela Ribeiro | Produção Má-Criação | Coprodução Maria Matos Teatro Municipal
90 min . M/14 . teatro
Frederico Dinis
Residência artística Transient Boundaries
12 a 16.jul. Covilhã
Transient Boundaries é um projeto de investigação e de criação artística (practice-as-research) inspirado no património material e imaterial associado aos lanifícios da Covilhã e que se enquadra na área da performance audiovisual site-specific. Tem como propósito explorar a natureza diversa do som e sua relação com a imagem, estabelecendo uma ponte com a reconstrução de uma envolvente sensorial que remete para lugares (des)conhecidos e procura gerar interpretações diversas.
Conceito, gravação, edição, som, imagem e composição Frederico Dinis | Produção Quarta Parede - Festival Y#17 | Apoios Quarta Parede, Pensamento Voador, CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, ObEMMA - Observatory of Electronic Music and Media Art
Adufeiras da Casa do Povo do Paul & Defski
Adufeiras da Casa do Povo do Paul & Defski
15.jul.19h00 .Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Vinte e quatro anos após editar um tema em que mesclou ritmos eletrónicos e cantos polifónicos da Beira Interior, Defski (percurso artístico iniciado no coletivo de músicos covilhanenses Factor Activo) junta-se às Adufeiras do Paul (projeto de vozes femininas que recupera não só instrumentos tradicionais mas também literatura popular, ligando-os enquanto jogo rítmico e poético). Da íntima relação com a região beirã, (re)criam contextos sonoros deste território, estabelecendo novos ritmos de passagem.
Interpretação Adufeiras da Casa do Povo do Paul/Adriana Oliveira, Aurora Geraldes, Catarina Geraldes, Céu Ferreira, Fernanda Oliveira, Graça Agostinho, Gracinda Cipriano, Gracinda Lopes, Ilda Vaz, Isabel Santos, Leonor Narciso, Lúcia Oliveira, Maria José Barata, Neuza Rocha, Paula Santos, Rosa Valezim, Rufina Mendes e Teresa Fabião | Composição musical partilhada Adufeiras da Casa do Povo do Paul e Defski | Produção Quarta Parede - Festival Y#17
45 min . M/6 . música/cruzamentos artísticos
Cláudia Gaiolas
Antiprincesas-Clarice Lispector
25.jul. 11h00 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
Clarice Lispector faz parte de uma série de espetáculos criados por Cláudia Gaiolas a partir da coleção “Antiprincesas”, sobre mulheres que marcaram a história. Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, numa aldeia que não figura no mapa de tão pequena e insignificante. Os seus pais fugiram da guerra e foram parar ao Brasil, onde Clarice cresceu e se tornou uma grande escritora. Escrevia sobre os mistérios do universo e da alma humana, mas também sobre galinhas fugitivas, coelhos pensantes e um cachorro que comia cigarros.
Direção e interpretação Cláudia Gaiolas | Assistência de direção Leonor Cabral | Dramaturgia Alex Cassal | Cenografia e figurinos Ângela Rocha | Fotografia José Frade | Produção executiva Armando Valente | Coprodução Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser e São Luiz Teatro Municipal
35 min . M/3 . teatro
Hotel Europa
Os Filhos do Mal
05.ago. 21h30 . Cine-Teatro Avenida . Castelo Branco
Os Filhos do Mal investiga a relação que as gerações que cresceram depois do 25 de Abril de 1974 têm com o Estado Novo e que memórias é que lhes foram transmitidas desse mesmo passado. O espetáculo reflete em particular sobre os “filhos” de opositores do regime em confronto com outros cujos “pais” eram apoiantes da ditadura portuguesa. Em cena, os “atores” são pessoas reais, encontradas através do processo de recolha de testemunhos, representando ali as suas próprias histórias.
Criação André Amálio | Cocriação e movimento Tereza Havlíčková | Assistente de criação Cheila Lima | Interpretação Ana Rita Ferreira, Ana Sartóris, João Esteves, Marta Salazar Fernandes, Paulo Quedas e Rita Tomé | Cenografia Sara Franqueira | Criação musical Pedro Salvador | Desenho de luz e operação Joaquim Madaíl | Produção executiva Maria João Santos | Produção Hotel Europa | Coprodução São Luiz Teatro Municipal | Fotografia Estelle Valente
90 min . M/12 . teatro documental
António Jorge Gonçalves
Desenhos Efémeros
29.set. 21h30 . Cine-Teatro Avenida . Castelo Branco
Trabalhando em articulação com os estímulos sonoros, o artista desenha com o auxílio de mesa e caneta digitalizadora e uma versão do software Photoshop configurada por si para uso performativo. Sem recurso a material pré-gravado respondendo a estímulos sensoriais do momento, os desenhos privilegiam uma dinâmica analógica própria de um ato performativo. As imagens, em permanente metamorfose, habitam o espaço ora como suas personagens ora como cenografias mutantes.
Artes visuais António Jorge Gonçalves | Música João Clemente e Nuno Santos Dias
50 min . M/6 . novos media/artes visuais
Frederico Dinis
Transient Boundaries
16.out. 21h30 . Auditório do Teatro das Beiras . Covilhã
Transient Boundaries é uma performance audiovisual inspirada no património material e imaterial associado aos lanifícios da Covilhã, um território cuja atmosfera tem a capacidade de nos transportar para novas dimensões dos lugares que o integram. Trata-se de um território vivo que se tornou num valor universal, reconhecido pela sua história, e cuja memória preservada nestes lugares remetem para um sentido metafórico de complementaridade, espacial e de natureza geográfica.
Conceito, gravação, edição, som, imagem, composição e interpretação Frederico Dinis | Produção Quarta Parede - Festival Y#17 | Apoios Quarta Parede, Museu dos Lanifícios da UBI, New Hand Lab, Pensamento Voador, CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, ObEMMA - Observatory of Electronic Music and Media Art | Agradecimentos ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios, Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa e Tinturaria/Câmara Municipal da Covilhã
45 min . M/6 . performance audiovisual/arte site-specific
Gestos Invisíveis/Máquina Magnética
Sonoscopia
10.jan.2022 . 21h30 . Teatro Municipal da Covilhã
Partindo da invisibilidade do gesto eletrónico como elemento de exploração musical e cénica, surge um espetáculo em que a eletrónica digital do duo de Miguel Carvalhais e Pedro Tudela (também conhecido por @c) encontra os instrumentos percussivos customizados de Gustavo Costa e a luz e vídeo em tempo real de Rodrigo Carvalho. Em palco cruzam-se perspetivas musicais que têm como ponto comum a experimentação e que renovam as linguagens das vanguardas musicais, dando origem a um espaço luminoso, intenso, e invisivelmente expressivo.
Percussão Gustavo Costa | Computador Miguel Carvalhais | Computador Pedro Tudela | Visuais Rodrigo Carvalho | Produção Sonoscopia