Festival Y#7
O Festival Y – festival de artes performativas está a iniciar a sua sétima edição que, na continuação do percurso das edições anteriores, traz à região alguns dos mais importantes espetáculos contemporâneos das artes de palco. Da dança à música, da multimédia às dramaturgias emergentes, mapeamos novos espetáculos e novos criadores, sempre a pensar no espetador como primeiro destinatário de objetos artísticos que dificilmente fariam itinerância pelo interior do país. Esperamos ir de encontro ao desejo do espetador que procura no espetáculo contemporâneo um modo de estar presente na construção de novas formas de arte, e também que estas nos conduzam a uma sociedade cada vez mais sensível, em que a cultura tenha um papel incisivo e decisivo. Construímos esta edição [uma vez mais] com a melhor cooperação dos diretores das salas na Covilhã, no Fundão, na Guarda e na única extensão do Festival, em Torres Novas. Para todos vai o nosso reconhecimento. É com o maior gosto que ao longo do mês de Outubro esperamos por si.
Rui Sena, diretor artístico
Programa
Dead Combo
Lusitânia Playboys
1.out. 22h00 . Teatro Cine . Covilhã
Teatro Praga
Eurovision
7.out. 21h30 Teatro Cine . Covilhã
Existe realmente uma identidade europeia? Será que o velho continente possui um passado para além da sua idade? E este passado liga-nos ou separa-nos? Como nos compreendemos se falamos trinta e cinco línguas diferentes? Este ‘Two-Man’ show do Teatro Praga olha para estas questões e, em vez de lhes responder, confronta o público com mais questões. De forma a determinar o europeísmo, escolhe-se a maior parada kitsch da causa comum: o Festival Europeu da Canção, a Eurovisão, onde, os representantes de povos de diferentes culturas, línguas, modos e normas de vida, se reúnem numa parada de falta de gosto uniforme. O Teatro Praga criou uma performance irónica e espectacular que é multilingue e usa muitos elementos de outros ramos das artes.
Com Eurovision, é proposto um espetáculo de visão particular, um objeto tremendo como a Europa e ao mesmo tempo pequeno como um guilty pleasure. As fronteiras estão finalmente abertas, a partir do velho continente tenta-se a construção de uma narrativa, um concurso longo e viciado em que só o melhor (dos melhores) ganha. Teatro Praga
Cocriação e texto Pedro Penim, André E., Teodósio e Martim Pedroso | Interpretação Pedro Penim e José Nunes | Produção Pedro Pires | Colaboração Rogério Nuno Costa | Coprodução ZDB / Transforma ac | Apoio Instituto Camões
60 min . M/12 . teatro
Olga Mesa
Solo a Ciegas (con lágrimas azules)
16.out. 21h30 . Teatro Municipal da Guarda
Olga Mesa submerge-nos num universo de evocações, de presenças limítrofes e de memórias e convida-nos a entrar num novo espaço de escuta e percepção do corpo. Movimentos intuitivos, imagens periféricas ou escondidas, sons imperceptíveis, inesperados, não identificáveis. Dramaturgia que parte de uma forma de escrita automática, da deslocação de territórios por meio de diferentes materiais visuais e sonoros: zonas narrativas em construção, casuais, móveis, autónomas. O corpo é colocado sob o prisma da evocação de movimentos já vividos, esquecidos, inesperadamente recordados. Decifra as inscrições de um passado sepultado, inventado, sonhado ou desejado. O que significa a presença deste corpo maduro, que escuta e se abandona aos seus desejos mais aleatórios e intimamente explosivos? O ser sob a influência das suas ligações genealógicas, com a história desse avô e do seu exílio temporário na Argentina antes da guerra civil espanhola. O público é o par invisível de um tango reinventado, e Pasolini, Verlaine, Walser, João César Monteiro, são secretos companheiros de viajem. Um olhar de escuta, introspectivo, periférico, despido de projeção intencional. A estranheza e o mistério de memórias ancestrais que se manifestam num movimento, num grito, numa palavra, num animal totem ou num poema. Uma luz / imagem indireta, refratada, entre a potência máxima e a obscuridade, entre a exposição e o resguardo. Olga Mesa propõe, com Solo a Ciegas (con lágrimas azules) um objeto inesperado. O seu corpo transforma-se em instrumento de transmissão, emissão e revelação, um catalisador de histórias pessoais e colectivas.
Conceito, interpretação e LaboFilm Olga Mesa | Captação, montagem e espaço sonoro Jonathan Merlin | Captação e edição vídeo Matthieu Holler | Música Excertos de Madame Butterfly de Puccini, Fields de Jason Kahn, La Cumparcita interpretada por Julio Sosa e La Ballada para un Loco de Astor Piazzolla interpretada por Saeki | Desenho de luz Isabelle Fuchs e Olga Mesa | Textos Olga Mesa, Branca de Neve de Robert Walser dito por Sara Vaz | Professor de tango Manuel Sanchez Carabel “El Camaleón” | Direção técnica Christophe Lefèbvre | Produção Isabelle Fuchs, Cie Olga Mesa/Association Hors Champ - Fuera de Campo | Apoio DRAC Alsace - Ministère de La Culture et de La Communication e Ville de Strasbourg (França) | Coprodução Culturgest, CNN de Tours, O Espaço do Tempo e Ècole Municipale de Danse de Strasbourg | Apoios Instituto Cervantes de Lisboa e Institut Franco-Portugais/Embaixada de França em Portugal
75 min . M/12 . dança
Filipa Francisco, Wonderfull’s Kova M & convidados
Íman
17.out. 21h30 . A Moagem . Fundão
Íman é uma coreografia plena de energia e cor, fundada na riqueza cultural do bairro da Cova da Moura e na experiência contemporânea das intérpretes. Desfile surpreendente de emoções, Íman combina alegria, tensão, explosão, amizade e cuidado. Ao ritmo de um “batuko” moderno, somos “agarrados” pela entrega dos corpos à dança, pela força contagiante da mulher. Em Íman, com Rosy, Bibiana e as Wonderfull’s Kova M, comprova-se que beleza é este entrelaçar de distintas experiências culturais. No final, é apresentado um vídeo documentário que desvela o processo criativo.
Direção artística e concepção Filipa Francisco | Cocriação Margarida Mestre, Rosy Timas, Bibiana Figueiredo e Wonderfull’s Kova M | Interpretação Rosy Timas, Bibiana Figueiredo e Wonderfull’s Kova M - Dina Magalhães, Whassysa Magalhães, Filipa Vieira, Fábia Angel e Fofa | Banda sonora e música ao vivo Antonio Pedro | Vídeo “complementário” e vídeo arte João Pinto | Desenho de luz Carlos Ramos | Figurinos/guarda roupa Ana Direito | Sonoplasta Rui Dâmaso | Fotografia Ana Borralho e Ana Costa | Produção executiva Carina Lourenço | Produção Alkantara
60 min . M/6 . dança
Helena Botto - Projeto Transparências
O Álbum
22.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
O Álbum é uma criação híbrida que entrecruza os universos da performance, da fotografia, do vídeo, da imagem em tempo real e da música, utilizando como fio dramatúrgico condutor alguns fragmentos de textos de Câmara Clara de Roland Barthes e de Crave de Sarah Kane. Há nesta amálgama de linguagens um elemento que as contrapõe: a questão da imobilidade e do devir. Tal como a fotografia, a música, as imagens de vídeo e os textos, não estão sujeitos à mudança e ao desgaste (a menos que deliberadamente neles intervenhamos a posteriori da sua concepção), no entanto o corpo (performance) esse estará irremediavelmente sujeito ao desgaste, à perda, à transformação. É talvez a cruel fatalidade a que não poderemos escapar e sobre a qual nos propomos refletir.
Conceito, direção artística, concepção plástica e instalação espacial, dramaturgia e performance Helena Botto | Composição musical original e sonoplastia João Figueiredo | Edição e mistura de vídeo Cláudio Oliveira | Performers no vídeo Helena Botto e Pedro Bastos | Texto Fragmentos de “Câmara Clara” de Roland Barthes e de “Crave” de Sarah Kane | Desenho de luz José Nuno Lima | Operação de luzes João Teixeira | Design gráfico Look Concepts | Produção executiva Helena Botto / Projeto Transparências - Criação de Objetos Performativos, Associação | Registo fotográfico da performance Susana Neves | Registo videográfico da performance António Fonseca / Cine-Clube de Avanca | Produção Performas | Coprodução Projeto Transparências - Criação de Objetos Performativos, Associação | Apoios Fundação Calouste Gulbenkian (Programa Novos Encenadores), Instituto Português da Juventude, Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes, Look Concepts e Diário de Aveiro
57 min . M/16 . performance
Patrícia Portela
Audiomenus
23, 24 e 25.out. Torres Novas . vários locais
Uma série de peças radiofónicas para ouvir à hora do almoço ou na hora do café em frente a uma refeição ou aperitivo. Juntamente com o seu pedido gastronómico e em troca de um B.I. deixado no balcão, o cliente leva para a mesa uma história (15min aprox), escolhida a partir de um menu: histórias para a auto-estima, histórias contra o patrão, cartas de amor exclusivas, uma novela de “faca e alguidar”, um conto erótico, a descrição de uma paisagem impressionista, histórias para dois, histórias a três com muita paixão e traição, histórias para toda a família, ou simples e pequenos excertos de obras de autores da língua portuguesa, haikus lusitanos, versões de grandes tragédias teatrais em formato fast-food, episódios inesquecíveis da história de Portugal, discursos políticos em formato dj’, etc.
Vozes Tonan Quito, Inês Nogueira, Pedro Pires, Eva Nunes, Célia Fechas, entre outros | Textos originais Patrícia Portela | Seleção de textos Isabel Garcez e Patrícia Portela | Pós-produção / Grafismo Irmã Lúcia Efeitos Especiais | Produção executiva Conceição Narciso | Produção Prado Produtores e Associados ZDB - Galeria Zé dos Bois | Coprodução Maria Matos | Apoio logístico Restart Sponsor Antennaudio
David Fernández
El corazón, la boca, los hechos y la vida
24.out. 21h30 . Teatro Municipal da Guarda
Benhard Bach - sexto filho de J. S. Bach - morre de tédio com apenas 24 anos. Fugindo da insuportável sombra do seu pai e da sua vida programada de pianista virtuoso, deixou atrás de si numerosas dívidas e um pai envergonhado (uma dura carta de J. S. Bach em que escreve sobre o seu filho assim o prova). Através de uma estrutura narrativa composta por diferentes elementos tecnológicos presentes na vida quotidiana (ecrãs, comandos, videojogos, etc.) Benhard Bach fala-nos da música, do seu desassossego, da sua raiva e do seu pai. Tal como David Fernández, só que David é filho de Bruno de Verão Azul, e não de Bach.
Utilizo o teatro como um espaço de comunicação, construindo o meu discurso com os elementos que me rodeiam. Utilizo-os. Aproveito-me deles, mas não devo nada à cultura. Nada. A Bach sim. A ele devo tudo. Mas Bach não é cultura. Bach é um urso... um urso devorador de homens.
Interpretação David Fernández | Textos, música, desenho de software e dramaturgia David Fernández | Técnico e assistente em palco Michael Fernández | Música J.S. Bach (Cantata bwv 51 and Passacaglia & Fuga bwv 582) | Produção David Fernández | Apoio Aula de Teatro de La u.a.h | Agradecimentos A Gretel, ao meu irmão, à minha mãe, a Pablo Caruana, Aula de Teatro de La u.a.h. e ao meu pai pela sua participação
70 min. M/12 . teatro/multimédia
Rita Natálio
Nada do que dissemos até agora teve a ver comigo
24.out. 21h30 . A Moagem . Fundão
Nada do que dissemos até agora teve a ver comigo é um projeto de improvisação dirigido por Rita Natálio para três performers, apresentado pela 1ª vez no âmbito do Ciclo Documente-se! na Fundação de Serralves. Usando como referência um conjunto de testemunhos recolhidos previamente do exterior através de entrevistas, encontros, apropriações espontâneas, etc., é um projeto que procura refletir sobre fenómenos de construção/narração identitária através de registos na 1ª pessoa. O resultado final será uma improvisação com o tempo real das histórias de vida - monólogo a três vozes, linha de montagem de ideias ou concerto de experiências faladas do mundo.
Direção artística Rita Natálio | Interpretação António Júlio, Cláudio da Silva e Nuno Lucas | Parcerias Ciclo Documente-se! - Serviço de Artes Performativas da Fundação de Serralves, Departamento de Sociologia e Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (DS-FLUP e IS-FLUP), Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE) | Projeto Iniciado no Encontro Internacional Sweet and Tender Collaborations Porto 2008
30 min. M/12 . performance/improvisação
Miso Ensemble
Itinerário do Sal
28.out. 21h30 . Teatro Municipal da Guarda
Itinerário do Sal é a concretização de um trabalho de criação sobre a escrita: sobre a escrita musical, sobre a escrita poética, sobre a escrita gestual do músico/ator e da sua própria imagem, onde a voz é o prolongamento do corpo e do pensamento do poeta. Eis, portanto, a simbiose entre a essência da palavra e a evolução do Ser, apresentada na forma de uma nova dramaturgia designada por Ópera Eletroacústica.
No palco, o compositor e o poeta, juntos, num só, conduz-nos através do seu mundo interior, do seu itinerário pessoal a que chama de Sal - o mesmo Sal que representa a sua resistência, a sua vontade, a sua essência e a sua multiplicidade. O Sal (substância fundamental) que nos surge também como manifestação de conhecimento e de sabor; o itinerário que é decerto o do criador, mas que é também e simultaneamente a imagem e a imagem de tantos outros itinerários, caminhos, trocas, inspirações, demandas...
Composição, textos, performance e concepção Miguel Azguime | Desenho de som, eletrónica em tempo real, encenação, vídeo e concepção Paula Azguime | Vídeo em tempo real Perseu Mandillo | Programação vídeo André Bartetzki | Realização vídeo Paula Azguime e Perseu Mandillo | Financiamento e apoio Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes, DAAD Berliner Künstlerprogramm & TU-Studio Technische Universität Berlin
55 min. M/6 . ópera multimédia
Mala Voadora
O decisivo na política não é o pensamento individual, mas sim a arte de pensar a cabeça dos outros (disse Brecht)
29.out. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras . Covilhã
O decisivo na política não é o pensamento individual, mas sim a arte de pensar a cabeça dos outros (disse Brecht). Situa-se entre, por um lado, o “espetáculo” como puro entertainment, tal como é entendido no âmbito de múltiplas práticas performativas e audio-visuais dirigidas às massas, e, por outro lado, o “espetáculo” como recurso de persuasão, tal como é entendido no âmbito da performance política. Trata da retórica subjacente às tomadas de posição políticas - às dos políticos em particular, mas também às dos indivíduos em geral. É sobre os artificialismos da construção e da manipulação das identidades políticas. E é também sobre os artificialismos que permitem espetacularizar um qualquer conteúdo (missão do teatro).
Direção Jorge Andrade | Colaboração Pedro Gil | Vídeo Itziar Zorita Aguirre com Jorge Andrade | Cenografia José Capela Som Isabel Novais e Hugo Franco | Assistência John Romão | Financiado por Ministério da Cultura - DGARTES | Coprodução Galeria Zé dos Bois e Citemor - Festival de Teatro de Montemor-o-Velho | Apoio Comuna Teatro de Pesquisa
55 min. M/12 . performance
O Último Momento com João Paulo dos Santos
Contigo
31.out. 21h30 . Teatro Virgínia . Torres Novas
Dois artistas portugueses, João Paulo dos Santos, acrobata de mastro chinês, e Rui Horta, coreógrafo, unem as suas experiências e influências para criar um espetáculo singular, Contigo, no qual encontram a sua própria linguagem. O espetáculo apresenta-nos as diferentes noções que os artistas têm dos seus corpos e dos objetos. Num espaço vazio, preenchido apenas por um mastro chinês e um corpo, João faz explodir a sua raiva e virtuosidade entre o céu e a terra, mostrando também a exaustão e a solidão do artista.
“O meu objetivo não passa forçosamente por ser ou não ser um bailarino, mas por conseguir atingir uma harmonia com o mastro chinês e com o meu corpo.” João Paulo dos Santos
Espetáculo João Paulo Pereira dos Santos e Rui Horta | Coreografia Rui Horta | Interpretação João Paulo dos Santos | Desenho de luz Rui Horta | Direção técnica Renaud Daniaud | Produção/difusão Production Scénes de Cirque | Coprodução O Último Momento, Festival d’Avignon 2006 e Sacd (le sujet a vif) | Apoio O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo | Portugal) e A Companhia O Último Momento é apoiada pela CulturesFrance
40 min. M/3 . novo circo
Adriana Sá
Windowmatter
31.out. 21h30 . A Moagem . Fundão
Windowmatter cria espaços entre espaços. Uma cítara conduz-nos por um mundo de pintura em movimento, estendendo-se com sons pré-gravados e luminâncias gráficas num espetáculo imersivo. Uma performance de música transdisciplinar com ‘audiographics’, um software desenvolvido com J. Klima que articula análise e processamento sonoro com tecnologia 3D.
Concepção, interpretação, cítara e software audiographics Adriana Sá | Concepção software audiographics John Klima
40 min. M/12 . música transdisciplinar
Workshop
O Corpo Próximo com Olga Mesa
8 a 13.out. Penhas da Saúde . Hotel Serra da Estrela