Festival Y#19
Nas primeiras edições do Festival Y, preocupámo-nos em aproximar a Beira Interior das artes performativas contemporâneas. 19 edições depois, continuamos preocupados com o acesso e a descentralização, mas agora também desde dentro, atentos ao nosso território, onde tanto diferem as oportunidades entre quem vive em meios grandes e pequenos.
Através de espetáculos e residências artísticas de cruzamentos, dança, música, performance, circo e teatro, propomos uma programação híbrida para todos os públicos, em auditórios e ao ar livre, na Covilhã, Castelo Branco e, pela primeira vez, em Belmonte, Cortes do Meio e Paul.
Iniciamos este festival com a música de Rita Vian, uma artista que vem desafiar categorizações. E é com obras indisciplinadas que seguimos. De artistas referenciais, como Paulo Ribeiro, Sílvia Real e André Braga & Cláudia Figueiredo; a artistas com as suas primeiras obras, como Sara Inês Gigante, Ana Jezabel e Coração nas Mãos. Perseguindo este apoio à jovem criação, lançamos uma open call para espetáculos a integrar na próxima edição. No campo internacional, acolhemos Igor Calonge, com curadoria da La Fundición, e Macarena Recuerda Shepherd.
Com as residências artísticas queremos provocar encontros férteis entre artistas e grupos locais, Mafalda Saloio com a Filarmónica Recreativa Cortense e Filipe Moreira com a Casa do Povo do Paul e sua comunidade; com espetáculos a apresentar nesta e na próxima edição do festival.
Perante o atual estado do país e do mundo – que nos implica a todos, sobretudo a quem menos pode -, este será um festival para nos lembrar que, na passagem fugaz por este planeta que irresponsavelmente partilhamos, estamos todos ligados (e quem sabe, motivar-nos a fazer algo de bom com isso).
Programa
Rita Vian
Rita Vian
20.abr. 21h30 . Teatro Municipal da Covilhã
Rita Vian trabalha a sua voz e composição num espectro amplo entre a eletrónica e a tradição.
O fado é um capítulo muito importante na sua expressão artística, bem como a música urbana. Os caminhos de Rita Vian são tão inesperados como arrebatadores. O remix de Branko para o single “Sereia” apresentou-a a uma audiência mais ampla. CAOS’A é o título do novo EP que conta com a produção de Branko e tem como single “Trago”, com realização de João Pedro Moreira. Para 2023 há música nova à espreita.
Artísta Rita Vian | Músico João Pimenta Gomes | Som Ângelo Lourenço | Luz Frederico Rompante | Driver Pedro Coimbra | Produção Rita Queiroz
55 min . M/6 . música
Cia Paulo Ribeiro
Ceci n’est pas un film
28.abr. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras | Covilhã
Ceci n’est pas un film, mas são vários filmes. Filmes de histórias a dois, pequenas frações que evocam a possibilidade do amor. Um amor que se torna possessivo, exigente, dependente, desesperado, exaltado e sufocante; mas também patético, cómico, trágico-cómico, lúdico, frívolo, virtuoso, sinuoso, cabotino e esvaziado. Imagens a dois que esboçam e concretizam danças como forma de exorcizar a ilusão ou a desilusão, sem nunca deixar de dançar.
Autoria, coreografia e espaço cénico Paulo Ribeiro | Colaboração e seleção de filmes Cine Clube De Viseu | Interpretação Ana Jezabel e Francisco Rolo | Figurinos José António Tenente | Desenho de luz Cristóvão Cunha | Operação técnica Nuno Gabriel Braga | Produção Companhia Paulo Ribeiro
60 min . M/6 . dança
Cia Cielo RasO
Hâmaïkà
05.mai. 21h30 . Cine - Teatro Avenida | Castelo Branco
Integrado no projeto Do outro lado / Al otro lado com La FuNdiciOn-Bilbao
Hâmaïkà em basco significa “uma vez” e também é usado para o indefinido “muitos/as”. Hâmaïkà rompe e enfatiza 11 anos de trajetória criativa. Ela é flexível e valoriza a diferença, o gênero e a liberdade. Hâmaïkà toca a ficção e a realidade, de uma forma pouco séria. O trabalho coreográfico é potente mas a linguagem precisa de um olhar aberto e isso só pode acontecer graças a ti.
Interpretação Ainhoa Usandizaga, David Candela, Emma Riba, Aimar Odriozola | Assistência de direção Gabriel F. | Desenho de luz Sergio García | Figurinos Amaia Elorza | Cenografia Igor Calonge | Fotografia Dani Blanco | Vídeo Kensa Produzkioak, Asier Garcia | Circulação AstaKardu/Beatriz Churruca | Direção e produção Igor Calonge
56 min . M/6 . dança
Macarena Recuerda Shepherd
The Watching Machine
11.mai. 21h30 . Auditório Teatro das Beiras | Covilhã
A máquina de olhar era o nome dado àqueles objetos do séc. XIX que criavam ilusões através de espelhos e obturadores. Na peça The Watching Machine, a máquina é a própria caixa cénica. Nela jogamos com a luz, as sombras e os reflexos para experimentar o que é ilusão, o que é representação e o que é convenção teatral. Uma peça composta por pequenas instalações onde se ficciona a luz e as sombras através de ilusões óticas. Uma peça para todos os públicos.
Ideia original Macarena Recuerda | Criação Miriam Ubanet, Ana da Graça, Jorge Dutor e Macarena Recuerda | Luz Miriam Ubanet e Ana da Graça | Música Nieves Arilla, Elliot, Nico Roig, Roger Puig e Román Gil | Fotografia Gorka Bilbao e Alexia Bombaci
50 min . M/6 . performance e ilusionismo
Mafalda Saloio & Filarmónica Recreativa Cortense
Sforzando
04.jun. 18h30 . Ar livre | Cortes do Meio
Sforzando é uma viagem única e surpreendente, onde os músicos criam ambientes emocionantes e cómicos para contar a história de uma comunidade nómada de artistas. Um espetáculo que fala da força da música e da capacidade inventiva de uma banda nómada que insiste em tocar para levar a música ao alto das serras. Um lugar onde para sobreviver é preciso reinventar, lutar, criar e acreditar. Esta viagem musical procura sintonizar a comunidade com os ritmos diferentes de cada habitante. E através do absurdo, da poesia, do movimento e da música, falar da vida.
Projeto criado em residência artística com a Filarmónica Recreativa Cortense entre março e junho de 2023 | Conceção e direção artística Mafalda Saloio | Direção musical Fábio Pereira | Intérpretes Filarmónica Recreativa Cortense | Coordenação técnica Pedro Fonseca | Produção Quarta Parede | Sforzando foi criado pela primeira vez em 2015, numa residência artística no Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha, com a Banda Comércio e Indústria.
60 min . M/6 . teatro-música
Ana Jezabel
QUOTIDIANO Amuse toi
07.jun. 21h30 . Teatro Municipal da Covilhã
Um dia, um Quotidiano com foco na natureza onde cada hora de luz dá lugar a um novo elemento. Um diálogo entre os animais e a fluidez de dois corpos que vivem do movimento giratório mútuo entre eles até o sentido de humor surgir como característica inevitável do ser humano. Duas mulheres vagueiam por um mundo imaterial e concreto e param para observar, escutar, aceitar a mutação inerente da matéria. Deixam-se guiar por fluxos e energias que intuem, mas não controlam. Tudo nasce partícula e em partícula se transforma, dando lugar ao infinito. Esta é uma coreografia a duas, feita da relação intrínseca e coordenação de forças e fragilidades.
Direção artística, criação e interpretação Ana Jezabel | Interpretação e cocriação Ángela Diaz Quintela | Luz e direção técnica Sara Garrinhas | Cenografia Bordalo II e Tomás João | Figurinos Ana Jezabel e Ángela Diaz Quintela | Arranjo musical Nuno Preto | Registo vídeo Outros Ângulos Produções | Produção executiva Bruna Mourão | Coprodução Casa da Dança | Apoio ZfinMalta | Apoio residências/ensaios Casa da Dança, ZfinMalta, TM Covilhã e CCB
45 min . M/12 . dança
Sílvia Real
Concerto N.º 1 Para Laura
10.jun. 21h30 . Teatro Municipal da Covilhã
O palco como lugar de união, combate e utopia. E antes de tudo, o som. Sempre a música como motor: agir, reagir, resistir, re-existir. Permanecer no presente e ensaiar o desejo de um mundo novo e de novas formas de conviver. Acomodar o incómodo, abraçar o risco de falhar. Cantar, dançar, ousar comunicar da forma que melhor sirva uma intenção coletiva de mudança. Recusar a discriminação e as injustiças sociais que persistem e se agigantam à boleia de mais uma crise.
Este espetáculo é dedicado ao músico Pedro Gonçalves (1970-2021).
Direção artística e coreografia Sílvia Real | Apoio dramatúrgico e coreografia Francisco Camacho | Intérpretes Beatriz Valentim, Magnum Soares, Sílvia Real e Ana Sofia Sequeira (participação especial) | Direção musical Ana Sofia Sequeira | Assistência musical Sérgio Pelágio | Investigação/Direitos Humanos Simone Longo de Andrade | Apoio guarda-roupa (a partir do espólio de Ana Teresa Real) Ainhoa Vidal | Fotografia Rita Delille, Estelle Valente | Vídeo, realização e operação de legendas Sofia Afonso | Design Carlos Bártolo | Operação de luz Frank Laubenheimer | Operação de som Kellzo | Direção de produção Sofia Afonso | Produção executiva Rodolfo Freitas | Produção Real Pelágio | Coprodução São Luiz TM, CM Castelo Branco e CM Torres Vedras
aprox. 80 min . M/6 . dança
André Braga & Claúdia Figueiredo
Feedback
29.jun. 21h30 . Cine - Teatro Avenida | Castelo Branco
Um monte de pedras, uma máquina de fumo e um microfone. O som. O sopro. Uma confissão. Em Feedback procuramos o ponto de encontro entre a memória confessional e os tópicos de um quadro de ideias-chave que vimos tentando mapear. O ar, a escuta, o ampliar de micropercepções, o dilatar do tempo, a reversão da pele, a evocação de um tempo primitivo, a tensão entre o ancestral e a tecnologia. A crueza, a verdade, tudo despido ao essencial: o corpo, a origem do som, a técnica, a matéria.
Direção artística André Braga e Cláudia Figueiredo | Interpretação André Braga | Som ao vivo João Sarnadas | Luz Cárin Geada | Direção de produção Ana Carvalhosa | Produção Cláudia Santos | Coordenação técnica Pedro Coutinho | Fotografia Miguel Fernandes, Daniel Pina, Cláudia Santos, Pedro Sardinha e Queila Fernandes | Texto composição livre a partir de excertos de Herberto Helder, Rui Nunes, Marguerite Yourcenar, Davi Kopenawa, Walter Benjamin, Francis Ponge, Antonin Artaud | Coprodução CRL – Central Elétrica, TM Porto/DDD, Teatro das Figuras, TAGV | Residências de criação Mindelact, 23 Milhas.
aprox. 70 min . M/12 . dança
Sara Inês Gigante
Massa Mãe
08.jul. 21h30 . Teatro Municipal da Covilhã
Em Massa Mãe encontramos uma gaiata a esmiuçar parte da sua identidade – a que está bordada com corações minhotos. Esta minhota puxará brasa à sua sardinha, mas também irá preparar terreno para tirar nabos da púcara. Vamos até ao tempo da Maria Cachucha brindar com vinho verde enquanto acertamos agulhas. Há tradições (ou convenções?) a dar c’um pau, e umas não são grande espiga, outras andam aí vivaças da silva e com saúde de ferro. A verdade é que todos comemos do pão que o diabo amassou e ainda lambemos os beiços a seguir. Mas hoje é esta minhota que amassa a broa. Bom apetite.
Criação e interpretação Sara Inês Gigante | Apoio à criação Maria Luís Cardoso | Música e interpretação musical Carolina Viana | Colaboração dramatúrgica Tiago Jácome | Apoio pontual no processo criativo Rafael Gomes | Cenografia Fernando Ribeiro | Figurinos e marioneta Ângela Rocha | Confeção figurinos Aldina Jesus | Luz Gonçalo Carvalho | Operação som Hugo Oliveira | Produção e comunicação Bernardo Carreiras | Design gráfico Pedro Azevedo | Residência Espaço do Tempo, DeVIR CAPa, 23 Milhas | Apoios/coproduções CC Vila Flor, Teatro José Lúcio da Silva, CAL-Primeiros Sintomas, CDV-TM Sá de Miranda, TM Diogo Bernardes, Cultura em Expansão-CMP; TM Baltazar Dias, CAE Portalegre, Quarta Parede, Polo Cultural das Gaivotas, Cia Olga Roriz, Escola de Mulheres | Apoio financeiro DGArtes-Ministério da Cultura | Agradecimentos: Sofia Gigante, Ana Maria Carvalho, Joana Rodrigues, Miguel F., Manuel Abrantes, Dupla Cena, Artistas Unidos, Diana Santos, Rui Rebelo, Razões Pessoais
70 min . M/16 . teatro
Ana Jezabel
Dia-a-Dia
22.jul. 18h30 . Jardim do Lago | Covilhã
“PÁRA! Olha à tua volta – para as árvores; a Lua; um bando de pássaros… – e ouve o que te rodeia, o que está dentro de ti e ainda o silêncio. Memoriza estas sensações que no fundo definem a tua relação com o Mundo. São elas o motor do teu Dia-a-Dia! As melhores coisas da vida não têm forma duradoura. Pergunta-te: Onde estou? Responde: Obrigada. Estou aqui!” Quantas vezes nos esquecemos da natureza que nos rodeia? Dia-a-Dia, de Ana Jezabel, desperta-nos para uma escuta mais atenta e curiosa do mundo.
Direção artística, criação e interpretação Ana Jezabel | Interpretação e cocriação Ángela Diaz Quintela | Luz e direção técnica Sara Garrinhas | Cenografia Bordalo II e Tomás João | Figurinos Ana Jezabel e Ángela Diaz Quintela | Conceção de figurinos Rosário Baldi | Sonoplastia Nuno Preto | Registo vídeo Outros Ângulos Produções | Produção executiva Bruna Mourão | Produção Vertigo | Coprodução LU.CA Teatro Luiz de Camões | Apoio TM Covilhã | Residências/ cedência de espaço LU.CA, CCB, TM Covilhã
30 min . M/3 . dança
Coração nas Mãos
Chá das Cinco - Peça para quatro amigas mais uma que nunca chega
06.ago. 18h30 . Jardim da Alameda | Belmonte
O presente, o aqui e o agora, aquando do bebericar e do desfrutar da essência da infusão. Mas, ao contrário do que se espera, a paz não acontece. E a utópica calma do chá contrapõe-se às ansiosas situações e imprevistos que dele vão surgindo – a água que nunca mais aquece, o chá que nunca mais está pronto e a amiga que nunca mais chega.
Criação e interpretação Daniela Castro, Joana Carmo Martins, Marta Costa, Rita Carmo Martins | Música Daniela Leite Castro, Gabriela Braga Simões, Laura Felícia, José Afonso | Cenografia Rui Sousa e Hélder Silva | Direção técnica André Leite | Fotografia JPedro Martins | Criação Coração nas Mãos – Associação Cultural e Artística | Promoção, difusão e agendamento Companhia Nacional de Espectáculos | Apoio Estúdio 80 Pilates, Academia de Dança de Matosinhos
60 min . M/3 . circo contemporâneo
Y Criadores Emergentes
Open Call
20.abr. - 08.jul. Online
Y Criadores Emergentes OPEN CALL 2023 dirigiu-se a artistas da área das artes performativas (cruzamentos, dança, novo circo, performance e teatro) com um máximo de duas criações próprias em contexto profissional. Concretizou-se na seleção de dois espetáculos a integrar a programação do Festival Y#20 – festival de artes performativas 2024.
Dar espaço e visibilidade à criação artística emergente e apostar na qualidade das obras, foram os objetivos perseguidos, desejando contribuir para a afirmação e circulação do trabalho de artistas em início de carreira.
As candidaturas decorreram de 20 de abril a 08 de julho de 2023
Réptil
Romaria
18 - 21.set. Paul
Muitas das tradições portuguesas surgem duma relação próxima com a natureza, nomeadamente o trabalho no campo ou no mar. Nesses contextos de trabalho apareceram os trajes, os cânticos, as danças, que mais tarde deram origem, por exemplo, aos ranchos folclóricos. A partir do encontro entre os artistas deste projeto e as comunidades pertencentes aos ranchos folclóricos de Matosinhos, Águeda, Viana do Castelo e a grupos etnográficos do Paul/Covilhã, nasce o espetáculo ROMARIA que tem como base de investigação a raiz de algumas tradições populares portuguesas, como forma de encontrar paralelismos e possíveis transformações, através do cruzamento entre o passado e o presente, e possíveis transformações com o mundo atual e tecnológico que conhecemos.
O espetáculo Romaria será apresentado no Festival Y#20 – festival de artes performativas 2024.
Conceito e direção de produção Filipe Moreira | Cocriação e interpretação Luís Moreira e Mara Nunes | Direção musical Mara Nunes | Direção de fotografia e vídeo documental Cláudia Almeida | Espaço cénico e figurinos Cláudia Ribeiro | Apoio dramatúrgico e coreográfico Filipe Moreira | Produção executiva: Luísa Teixeira | Coprodução: RÉPTIL Produção Cultural, Quarta Parede – Artes Performativas, CM Matosinhos, CM Viana do Castelo e CM Águeda | Apoio: Fundação GDA, CRL – Central Elétrica, Erva Daninha, Mafa Mood, Lameirinho e Docapesca Portos e Lotas S.A.
Apoio residência artística Paul Casa do Povo do Paul e Junta de Freguesia do Paul
cruzamentos